Presidente fala em
57 ou 60 anos para mulheres; equipe econômica já trabalha com 60.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que decidirá sobre a proposta
final de reforma da Previdência nesta quinta-feira
(14).
Ele concedeu entrevista ao Jornal da Record nesta quarta-feira (13),
pouco antes de deixar o hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde passou por
cirurgia.
Bolsonaro não fechou questão em torno da idade mínima para se aposentar.
Ele, porém, indica o que já anunciara antes: mulheres e homens terão tratamento
diferenciado.
"A minha grande dúvida na verdade foi se passaria para 62 ou 65
[anos para] os homens, e, para mulheres, para 57 ou 60. E isso será decidido
amanhã [quinta-feira]", afirmou Bolsonaro.
Segundo ele, a depender de sua escolha, haverá um período de transição
até depois de 2030. "Se for o 62 e 57, haverá transição, obviamente. Por
outro lado [60 e 65], a transição seria até 2030 ou 2032,
aproximadamente."
O presidente afirmou que a reforma é necessária para que a economia do
país não entre em colapso. "Eu gostaria de não fazer reforma nenhuma da
Previdência, mas seremos obrigados a fazer, porque, caso contrário, o Brasil
quebrará em 2022 ou 2023."
A proposta que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai levar a
Bolsonaro tem impacto nas aposentadorias maior do que o texto final do
ex-presidente Michel Temer, de 2017.
Apesar do posicionamento do presidente, Guedes tem o desejo de enviar ao
Congresso uma reforma que crie idade mínima de 65 anos para trabalhadores de
ambos os sexos.
A assessores, porém, o ministro reconheceu que, por causa da ala
política, a versão final deverá prever patamar mais baixo para as
trabalhadoras. Seriam 60 anos —uma das idades citadas pelo presidente à TV
Record.
Na proposta da Economia, a idade mínima para aposentadorias da
iniciativa privada começaria em 60 anos (homens) e 55 anos (mulheres) e subiria
gradualmente.
Esse calendário teria início já neste ano, o que dependeria da aprovação
e promulgação da PEC (proposta de emenda à Constituição).
Com isso, Guedes conseguiria atingir o rigor que julga necessário para o
ajuste fiscal, com idade mínima final mais alta, e ao mesmo tempo não contraria
Bolsonaro, que defende um patamar mais baixo em seu governo.
O ponto de partida desenhado pelo ministro é mais elevado que o previsto
na reforma do governo anterior, na qual a idade mínima de 60 anos para homens
seria alcançada em 2028, e a de 55 anos para mulheres, em 2022.
Guedes quer chegar
a 65 anos para trabalhadores e 60 para trabalhadoras em dez anos, ou seja, em
2029.
FOLHA DE SÃO PAULO