O
brasileiro está vivendo mais a cada ano que passa, mostram as pesquisas. O
último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) diz que
os brasileiros nascidos em 2015 devem viver até os 75,5 anos, sendo 71,9 anos
os homens e 79,1 as mulheres. São 30 anos a mais do que quem nasceu em 1940. E
a expectativa de vida após os 50 anos também aumentou, de 19,1 anos em 1940
para 30,2 anos.
Mas viver
mais também significa ter de guardar mais dinheiro, principalmente levando-se
em conta a reforma da Previdência que deverá reduzir benefícios ou torná-los
menos acessíveis. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o
número de pessoas com mais de 60 anos deve triplicar até 2050, passando a
representar metade da população economicamente ativa. Haverá dois trabalhadores
para sustentar um aposentado. Assim, resta cada um cuidar de sua aposentadoria,
guardando o máximo que puder.
A reforma
da Previdência deve mudar a cabeça do brasileiro para aposentadoria, diz Mauro
Calil, especialista em pessoas físicas do Banco Ourinvest. Cada um terá de se
preparar para guardar dinheiro desde cedo. "Aposentadoria é planejamento,
não é tacada que você faz agora e está garantido, e não é só depositar dinheiro
no fundo de previdência", alerta.
É preciso
definir parâmetros mínimos, como o tempo para se aposentar. "Se for cinco
anos, será difícil, 15 já consegue e 25, já dá tranquilamente", diz. O
segundo passo é olhar para o orçamento, fazer planilhas de gastos e verificar
onde há desperdícios. "É como vazamento, é preciso achar as goteiras e
colocar o balde para juntar o dinheiro para a aposentadoria", diz. Um
exercício é determinar uma quantia por mês para guardar.
O destino
do dinheiro vai depender do prazo e do valor. Se for R$ 500 por mês, um Tesouro
Selic ou fundo DI já funcionam. Depois de juntar um valor maior, R$ 5 mil ou R$
10 mil, pode-se então transferir a quantia para outro instrumento. Calil sugere
ainda fundos imobiliários, com aportes de R$ 500 todos os meses, reaplicando os
rendimentos. "Pode-se também dividir, R$ 250 para títulos do Tesouro e R$
250 para fundos imobiliários, fazendo um rebalanceamento periódico da
carteira", diz.
O
rebalanceamento pode ser feito por períodos de tempo ou quando a diferença
entre o saldo na renda fixa e nas outras aplicações superar determinado
percentual, entre 5% e 20%. "Na renda variável, uma variação de 15% pode
provocar esse rebalanceamento em uma semana", diz. Estudos mostram que o
rebalanceamento a cada 15% aumenta a rentabilidade das carteiras em 11 anos.
Rebalanceamentos a cada 5% fazem diferença em carteiras de 3 a 8 anos.
Além
disso, deve-se rever o plano a cada seis meses ou no mínimo a cada ano, ou
quando houver alguma mudança importante na vida financeira, como desemprego,
filhos, ou queda ou aumento da renda, sugere Calil. Com essas orientações, é
possível garantir a aposentadoria em 15 anos, com a aplicação financeira
correta.
Para
aposentadoria, Fernando Meibak, da Sunrise Investimentos, recomenda fortemente
os papéis do Tesouro, que hoje pagam IPCA mais juros de 6% ao ano acima da
inflação. "É um juro muito elevado", diz. Ele não acredita numa piora
muito acentuada da economia nos próximos anos que comprometa a capacidade do
governo de honrar seus compromissos ou leve a um novo aumento dos juros.
"As questões econômicas estão sendo encaminhadas, como a redução dos
gastos do governo federal, a reforma da Previdência e o ajuste dos Estados e
municípios", diz.
Meibak
alerta também para o risco de concentrar os investimentos para a aposentadoria
em imóveis. E espera que a crise, que provocou forte queda nos preços e nos
aluguéis, mostre que o investimento imobiliário não é tão seguro assim.
Já George
Wachsmann, da GPS Investimentos, diz que gosta de papéis do governo atrelados à
inflação, as NTN-B. "Para aposentadoria, um papel longo, que paga 6% reais
ao ano em 20 anos, é um bom plano de poupança de longo prazo", afirma.
Valor