Por que os bancos e fintechs querem tanto as suas chaves?
Mesmo se você não
quisesse ouvir na palavra Pix,
provavelmente o seu banco não
o deixaria esquecer. Desde o último dia 5, principalmente.
Atualmente, as
instituições financeiras estão em uma espécie de corrida pelas chaves, que nada
mais são que os seus dados sendo utilizados para fazer uma transferência.
Ou
seja, esqueça agência e conta: agora, você poderá passar o seu CPF, e-mail ou
até mesmo número do celular.
E os bancos estão
se mexendo muito para isso porque, além de ser um mercado novo aberto
pelo Banco Central (BC), diversos outros vão se
fechar.
E isso vai trazer um grande impacto para as empresas.
De acordo com um levantamento realizado pela consultoria Bain
& Company, nos próximos cinco anos, os bancos vão perder R$ 1 bilhão com o
fim das transferências de DOC e TED até 2025.
A conta também inclui taxas de
cartão de crédito.
Afinal, a partir do dia 16 de novembro, tudo poderá ser
feito pelo Pix, de maneira gratuita e em apenas dez segundos.
Não
é um dinheiro tão alto em comparação aos lucros bilionários das empresas. Mas
ninguém gosta de perder dinheiro, certo?
Por
isso, a corrida, agora, é tão importante para as empresas. Neste momento, não
há uma guerra aberta.
Os bancos apenas estão tentando convencer os próprios
clientes de que eles, e não os concorrentes, são as melhores opções.
E não são apenas os
bancos que estão correndo atrás dessas chaves.
As fintechs também
estão e, inclusive, fazendo promoções.
O Nubank, por exemplo, está prometendo
prêmios de até R$ 50 mil.
O C6 Bank está oferecendo até 6 mil pontos em seu
programa de fidelidade.
Já o Santander (que não é fintech, é verdade), anunciou
que vai sortear dois prêmios de R$ 1 milhão.
Segundo um ranking
divulgado pelo Banco Central com números até às 18h da última quarta-feira, o
Nubank lidera com sobras essa briga.
Desbancarizados
Um
dos motivos muito falados pelo BC para justificar o Pix se trata da diminuição
da desbancarização.
Atualmente, são 45 milhões de brasileiros com mais de 16
anos sem contas bancárias.
Para se ter uma ideia, eles movimentam, juntos, R$
817 bilhões por ano (um pouco menos do que o PIB da Nova Zelândia, que é de
cerca de R$ 840 bilhões).
Os
dados são de um estudo do Instituto Locomotiva.
Para completar, antes da
pandemia, 70% dos brasileiros preferiam usar o dinheiro ao cartão para pagar
contas.
O motivo? Controle mais facilitado e a possibilidade de pechinchar.
Com
o auxílio emergencial – e a obrigatoriedade de se abrir uma conta digital na
Caixa Econômica Federal para o recebimento do benefício –, as coisas podem
estar mudando.
Ajuda, também, o fato das pessoas buscarem o menor contato
possível por causa da pandemia da Covid-19.
Mas
é cedo, segundo Meirelles, para cravar que o Pix será um sucesso. Porém, é mais
cedo ainda falar que as pessoas vão abandonar o dinheiro.
“Teremos um movimento para evitar com que as pessoas não voltem
para o dinheiro vivo, mas os problemas do Pix só vão aparecer quando ele for,
de fato, implementado”, diz ele.
Mas,
a partir do dia 16 de novembro, quando tudo começará a funcionar, será possível
entender qual vai ser o tamanho do impacto do Pix na vida das pessoas e das
empresas.
“E
se o Pix pegar rápido, aí que a ‘porradaria’ vai começar na concorrência”, diz
Meirelles. E cifras bilionárias nesse mercado são o que não faltam.
CNN