A reforma da Previdência
parece ter virado uma pedra no sapato da equipe econômica de Michel Temer, que
ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a matéria na Câmara dos
Deputados. Mesmo assim, o presidente da Anapar, Antônio Braulio de Carvalho, se
pronunciou nesta quinta-feira (9) para ressaltar o fato de que a sociedade não
pode se descuidar e precisa continuar resistindo.
“Já está muito claro que Temer não governa para a
população. Suas políticas são para empresários, banqueiros, latifundiários e
para o mercado internacional. Mesmo que essas alterações estejam complicadas
por causa da preocupação dos parlamentares com o calendário eleitoral, não
podemos subestimar este governo. A sociedade não pode se descuidar e precisa
continuar mobilizada contra mais esse ataque aos nossos direitos”, aponta
Braulio.
Temer e sua equipe econômica correm contra o tempo
para tentar aprovar a reforma da Previdência, retirando mais direitos da classe
trabalhadora. Após a sinalização do presidente de que a matéria não seria
aprovada, na terça-feira (07), a bolsa caiu e o dólar também.
Para tranquilizar o mercado, Temer divulgou vídeo nas
redes sociais dizendo que usará “toda a sua energia” para aprovar as mudanças
possíveis na reforma da Previdência. Na última vez que isso aconteceu, o
governo gastou mais de R$ 30 bilhões para arquivar as duas denúncias de
corrupção contra o presidente e seus principais ministros, atendendo demandas
parlamentares com emendas, cargos e perdão de dívidas a ruralistas e
banqueiros.
O governo e o relator da matéria na Câmara, Arthur
Maia (PPS-BA), admitem trabalhar pela aprovação de um texto mais enxuto. Uma
das mudanças propostas é a fixação de uma idade única para a aposentadoria,
independente do gênero. A medida prejudicaria principalmente as mulheres, que
hoje se aposentam aos 60 anos, cinco antes dos homens, como uma forma de
reconhecimento da jornada dupla de trabalho – profissional e familiar. Se
aprovado, elas terão que trabalhar por mais tempo.
Economistas de bancos privados têm falado que o
aumento da idade mínima para as mulheres, com uma regra de transição, permitirá
uma economia de quase R$ 10 bilhões por ano. A visão é contrastada pelo
consultor de Orçamento da Câmara, Leonardo Rolim, que discorda dessa suposta
economia.
Mesmo que a Câmara dos Deputados aprove as alterações
ainda este ano, a conclusão da matéria no Senado ficará para 2018, ano
eleitoral. Nesse cenário, a equipe econômica de Temer teria de lutar para que
os senadores validassem o texto aprovado na Câmara, já que, no ano que vem,
dois terços dos parlamentares (54 dos 81 senadores) tentarão a reeleição,
alguns deles buscando manter o foro privilegiado para escapar da operação Lava
Jato.
Boletim da Anapar