Provedor da família: pandemia faz crescer número de lares brasileiros
que dependem da renda de um idoso.
Uma matéria publicada em março deste ano no jornal
Tribuna Online alertou para o número expressivo de lares em que, por causa da
pandemia, o idoso voltou a ser o principal provedor da família no Espírito
Santo.
De acordo com a reportagem, 224 mil aposentados em
todo o estado afirmam que, mesmo com pouco dinheiro, não podem deixar de ajudar
os filhos que perderam o emprego por causa da atual crise. Nesse contexto, os
netos vêm a reboque.
Existem hoje no Espírito Santo cerca de 560
aposentados. Cerca de 70% deles recebem apenas um salário mínimo, atualmente em
R$ 1.100.
“Desses, 40% voltaram a ser os principais
provedores das famílias. São 224 mil famílias nas quais os filhos e netos
voltaram a ser sustentados pelos idosos”, afirma o presidente do Sindicato dos
Aposentados no Estado, Jânio Araújo.
Na tentativa de aumentar os ganhos para arcar com
crescentes despesas, aposentados têm buscado atividades informais, geralmente
voltadas para a gastronomia. “Salgados e pizza”, destaca Araújo. “Atividades
que podem fazer em casa para os clientes buscarem”.
Situação de idoso como principal
provedor da família não se restringe ao ES
Em todo o país, famílias têm enfrentado a mesma
realidade.
Uma pesquisa realizada pela economista do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano mostrou que os recursos do
trabalho e das aposentadorias ou pensões de idosos representam mais da metade
de toda a renda familiar em 20,6% dos 71 milhões de domicílios brasileiros.
Realidade que tende a piorar com o agravamento da crise do coronavírus e da má
situação econômica do país.
Segundo a pesquisadora, em 15 milhões desses lares
em que o idoso voltou a ser o principal provedor da família residem cerca de
30,6 milhões de pessoas, sendo 2,1 milhões de crianças e adolescentes.
A renda
domiciliar por pessoa nesses domicílios é de R$ 1.621,80, mas poderia cair para
R$ 425,54 no caso do falecimento do idoso.
Para Ana Amélia, é
preciso que o Estado ampare essas famílias em caso de perda desses idosos
provedores com auxílio emergencial e capacitação profissional para que consigam
retornar ao mercado de trabalho
INSTITUTO MONGERAL AEGON