A alta do dólar
preocupa o presidente Lula (PT). Ele disse que o assunto será tema de uma
conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta
quarta (3).
↳ A moeda fechou o dia a R$ 5,66, maior valor desde
janeiro de 2022.
↳ A alta acumulada desde o início
do ano é de 16%.
Por que importa: o dólar impacta a inflação no Brasil ao encarecer
combustíveis (o Brasil importa 30% do que consome),
matérias-primas para a indústria e estimula a exportação dos alimentos
produzidos aqui, o que aumenta os preços no mercado interno.
E agora? Haddad nega que irá discutir no encontro formas de baixar
o preço da moeda americana "na marra", com aumento de
impostos sobre transações. A hipótese circulou ontem no mercado financeiro.
O Banco Central é quem poderia intervir no câmbio,
com a venda de suas reservas em dólar para aumentar a oferta. Economistas
afirmam que o momento
não exige a atuação.
Me dê motivos… Há diversas visões sobre o que pode ter causado
alta. Lula, Haddad e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, veem o
cenário de maneira diferente. O que eles disseram nos últimos dias:
↳ Lula afirmou quem diz que suas falas causam queda
no valor do real é "cretino". Levantamento
da Folha mostra que a moeda subiu nas últimas
semanas em reação a críticas do presidente Lula ao Banco Central e à agenda de
cortes de gastos.
- "Óbvio que me preocupa
essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesse
especulativo contra o real nesse país."
↳ Haddad falou duas vezes com jornalistas em menos
de 24 horas. A avaliação em Brasília
é de que tenta coordenar a comunicação
para diminuir o sentimento de risco no mercado de câmbio.
Auxiliares ouvidos pela Folha defendem
moderação nas falas do presidente.
- "O melhor a fazer é
acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central, como
o presidente fez, quanto em relação ao arcabouço fiscal"
↳ Roberto Campos Neto vê
como motivo dúvidas nas expectativas em relação
à futura gestão do Banco Central
no combate à inflação e as incertezas
com as conta públicas.
- ""Isso [pausa]
tem muito mais a ver com os ruídos criados do que com os fundamentos. Os
ruídos estão relacionados a dois canais: um é a expectativa sobre a
política fiscal e o outro é a expectativa sobre o futuro da política
monetária","
O outro motivo.
Os juros altos
por mais tempo do que o previsto nos EUA impactam aqui. A taxa
alta lá, valoriza o dólar, pois aumenta a sua demanda. Você precisa comprar
as verdinhas se quiser aproveitar os títulos do país.
FOLHA DE SÃO PAULO