Agenda liberal do governo cai em descrédito na
Faria Lima após intervenção na Petrobras.
Casas e bancos de
investimentos revisam preço-alvo para companhia.
Os principais
indicadores financeiros do Brasil tiveram forte deterioração nesta
segunda-feira (22), após Jair Bolsonaro (sem partido) interferir no comando da
Petrobras e sinalizar outras intervenções.
Foram afetados Bolsa, câmbio,
risco-país, juros futuros, e houve revisão generalizada nas avaliações de
bancos, casas de investimento e agências de classificação de risco em relação à
Petrobras e outras estatais.
A forte reação do
mercado financeiro foi interpretada como uma quebra da confiança do governo com a
Faria Lima —avenida na zona oeste de São Paulo, caracterizada por abrigar
grandes casas financeiras e bancos de investimentos.
Os analistas agora recomendam cautela não
apenas com a Petrobras, mas com outras estatais e até com o Brasil, após Bolsonaro indicar o general
Joaquim Silva e Luna para a presidência da petroleira, em clara oposição à
política de reajustes de preços mantida pelo atual presidente Roberto Castello
Branco —e que é endossada pelo mercado.
Ao final do pregão desta segunda, as ações preferenciais (mais negociadas) da
Petrobras fecharam em queda de
21,5%, indo a R$ 21,45. As ordinárias (com direito a voto) despencaram 20,47%,
fechando em R$ 21,55.
Em nota, divulgada na sexta-feira, a Fitch
Ratings afirmou que uma potencial volta das intervenções políticas na
estratégia da Petrobras afetaria negativamente sua geração de caixa.
“Esse
ponto é particularmente importante em período de desvalorização do real frente
ao dólar, que pode elevar os preços da gasolina e do diesel no país, aumentando
o risco de interferência [do governo]”.
FOLHA DE SÃO PAULO