Numa sociedade em que
ainda persistem desigualdades entre homens e mulheres — especialmente quando se
trata de renda —, a educação financeira é uma arma importante para a
independência e empoderamento da mulher, apontam especialistas. O poder de
escolha é o maior ganho das mulheres que decidem tomar as rédeas de suas vidas
financeiras.
— A mulher que controla
suas finanças tem poder de escolha e poder de decisão de sua vida. Sem recursos
e com contas sob controle, a mulher vai sempre depender de alguém — afirma
Sandra Blanco, consultora de investimentos da Orama e autora do livro “Mulher
Inteligente Valoriza o Dinheiro, Pensa no Futuro e Investe”.
A grande questão é que o
poder de escolha vai muito além apenas do dinheiro, lembra a diretora de ensino
técnico da Escola Nacional de Seguros, Maria Helena Monteiro:
— A independência
financeira é uma questão que afeta toda a vida da mulher e permite ser dona do
seu nariz, exercer todas as escolhas, sejam as da vida afetiva ou financeira. A
própria ideia de independência feminina está associada à educação financeira.
As duas coisas estão muito associadas. Para o homem, ter dinheiro é poder. Para
a mulher, é segurança.
Um dos aspectos que ainda
precisa ser enfrentado pelas mulheres é a dependência financeira de seus
parceiros. E isso se torna ainda mais grave no momento da velhice, já que a
expectativa de vida das mulheres é maior que a dos homens. No Brasil, a esperança
de vida ao nascer era de 79,1 anos para as mulheres e 71,9 anos para os homens
em 2015, segundo o IBGE.
— As mulheres fazem
loucuras em nome do amor e do consumo. Mas só se consegue cuidar bem do outro
se suas finanças estiverem controladas. Gosto de comparar com as máscaras de
oxigênio do avião, é preciso primeiro vestir a sua para depois ajudar quem está
do seu lado. Às vezes digo que é preciso trocar o marido por um plano de
previdência privada, a mulher tem que cuidar do seu futuro — diz Maria Helena
Monteiro.
‘EDUCAÇÃO FINANCEIRA REDUZ
RISCOS’
Coach financeira e
responsável pelo site “Financial Woman”, Camille Gaines diz que um dos maiores
obstáculos para as finanças femininas é o fato de as mulheres evitarem falar de
dinheiro e não avançarem em conhecimento sobre o assunto. Ela cita uma pesquisa
que aponta que 80% das mulheres se consideram apenas iniciantes quando se trata
de investimentos, enquanto entre homens esse percentual é de 50%.
— A educação financeira é
o que reduz riscos, a informação torna as mulheres mais confiantes e aumenta a
chance de que o dinheiro dure mais. O conhecimento é uma forma de
empoderamento. Sem dinheiro, não podem escolher — afirma Camille.
Ela defende que as
finanças sejam colocadas como prioridade pelas mulheres, já que muitas vezes
acabam colocando outras questões na frente:
— É importante que a mulher faça uma escolha. Elas dizem que querem
aprender mais, mas colocam outras coisas na frente. Investir e cuidar das
finanças devem ser prioridade.
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