Mantida
no parecer do relator da Comissão Especial da PEC 287, deputado Arthur
Maia (PPS-BA), que começou a ser debatido ontem na Câmara, a tentativa de
alterar o § 15 do artigo 40 da Constituição, abrindo a gestão de planos de
servidores para bancos e seguradoras, é o único ponto do projeto enviado pelo
Governo que encontra a mais completa oposição da Abrapp. A
Associação, que desde o início defende uma reforma estrutural da Previdência,
no que seria uma ampla rediscussão do próprio modelo previdenciário do País,
pelas circunstâncias políticas e econômicas que o Brasil atravessa optou por
entender que a essa altura mudanças paramétricas seriam um objetivo factível, o
possível a ser feito hoje, mas em nenhum momento deixou de rechaçar o que
ameaça estabelecer uma competição desigual pela gestão da previdência
complementar do setor público.
Essa foi
uma das principais mensagens transmitidas pelo Presidente da Abrapp, Luis
Ricardo Marcondes Martins, durante entrevista coletiva online concedida ontem à
imprensa e da qual participaram mais de 20 jornalistas, presentes os principais
veículos de mídia do País. Ele disse acreditar que a tentativa de alterar o §
15 do artigo 40 será vencida no voto na Câmara, como resultado do intenso
esforço que a Abrapp vem fazendo no sentido de melhor esclarecer os
parlamentares, mas alertou que, em caso contrário, o “caminho judicial
possivelmente estará aberto”. Luís Ricardo esclareceu que nessa hipótese a
Abrapp poderá vir a estudar a possibilidade de ingresso no STF com uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADIN).
Concorrência
desigual - Além de
inconstitucional, a proposta estabelece uma concorrência desigual entre
entidades fechadas e abertas, uma vez que estas últimas recebem um tratamento
tributário favorecido e podem investir em marketing, enquanto as
primeiras não. “Ninguém é contra a concorrência em si, mas a disputa não
poderia ser desigual como seria nesse caso”, resumiu Luís Ricardo, que
arrematou: “concorrer é algo sadio, mas desde que em igualdade de condições”.
Luís
Ricardo chamou a atenção para as perdas que os servidores, na condição de participantes
dos planos, poderão ter caso a proposta passe como se encontra: nas entidades
fechadas de previdência complementar têm assegurada participação nos órgãos
colegiados, entre outras tantas garantias oferecidas por uma governança testada
e aprovada, ao mesmo tempo em que nelas todos os ganhos financeiros são
revertidos em favor dos trabalhadores, pois não há acionistas a remunerar.
Estágio
avançado -
Respondendo a perguntas dos jornalistas, Luís Ricardo colocou sob foco o
estágio avançado a que as entidades fechadas chegaram em sua evolução ao longo
de 4 décadas. É que as EFPCs têm hoje sob sua administração ativos
da ordem de quase R$ 800 bilhões, pagam regularmente todos os anos mais de R$
42 bilhões a mais de 720 mil participantes já recebedores de benefícios. São
2,5 milhões de participantes diretos e ao redor de 4 milhões indiretos.
E nada
diz melhor da capacidade de gestão do que o fato de que, ao final do ano
passado, 689 planos encontravam-se equilibrados, 482 superavitários e 205 com
déficit (a expressiva maioria por razões conjunturais).
Solvência
elevada - Luís
Ricardo mostrou na coletiva à imprensa que as entidades brasileiras trabalham
hoje com um nível de solvência de 90% (ativos possuídos em face das obrigações
contidas no passivo), um percentual acima do geralmente encontrado no Mundo,
superando por exemplo o de países como Canadá, Reino Unido, EUA e Suiça.
Nos
últimos 15 anos as entidades fechadas brasileiras acumulam uma rentabilidade de
676%, percentual que supera tanto o CDI quanto a meta atuarial.
Quanto
ao futuro em construção, prosseguiu Luís Ricardo, as melhores garantias vêm dos
mais de 5 mil dirigentes certificados para o exercício dos cargos que ocupam,
ao lado das dezenas de cursos oferecidos pela UniAbrapp, tudo isso somado
significando um extraordinário esforço no sentido de uma crescente qualificação
profissional. “Aqui não há espaço para amador”, arrematou.
Diário dos Fundos de Pensão