Após um protesto de milhares de funcionários públicos contra
o arrocho nos salários parar o centro do Rio ontem, a Justiça suspendeu a
tentativa de elevar para 30% a contribuição previdenciária dos servidores
públicos estaduais. A medida é a mais polêmica do pacote anunciado pelo governo
fluminense na última sexta-feira. O Estado informou que vai recorrer da
decisão.
No curto prazo, a equipe do governador Luiz Fernando Pezão
não sabe nem como pagará os salários de outubro e, por isso, prevê um
agravamento da crise. Para evitar que os ânimos se exaltem ainda mais, o
governo já decidiu que os salários das categorias de segurança pública não vão
atrasar.
Ontem, um protesto contra o ajuste, organizado por bombeiros,
policiais militares e civis, além de guardas penitenciários, que culminou na
invasão da sede da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), demonstrou a força
desses servidores. Uma fonte do governo ouvida pelo Estado garantiu que a
prioridade será o pagamento dos salários de outubro de policiais e bombeiros.
Diante de um rombo nas contas estimado em R$ 17,5 bilhões
neste ano, o Estado do Rio vem atrasando salários desde a virada do ano.
Atualmente, os pagamentos estão sendo feitos apenas no décimo dia útil do mês.
Mesmo com os protestos de ontem, o governo defendeu o pacote
de ajuste. "As medidas que estão sendo apresentadas são absolutamente
necessárias, embora duras, para que a gente tenha previsibilidade de pagamento
do salário do servidor público do Estado. Então, não há possibilidade de
recuo", disse o secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola.
Somente a elevação da contribuição previdenciária garanti-ria
impacto positivo de R$ 5,5 bilhões em 2017 e R$ 8,3 bilhões em 2018 nas contas
do governo.
No total, o pacote, que inclui extinção de programas sociais,
corte de gastos e aumento da receita, pretende gerar impacto positivo de R$
27,9 bilhões em 2017 e 2018. Mesmo assim, o Estado só conseguiria equilibrar
suas finanças em 2022 e 2023.
Se nada for feito, o rombo nas contas públicas poderá chegar
a R$ 52 bilhões no fim de 2018.
A liminar que suspendeu a tramitação do Projeto de Lei
2.241/2016 (que eleva a contribuição previdenciária dos servidores, incluindo
inativos) foi concedida em mandado de segurança impetrado pelo deputado
estadual Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB), presidente da Comissão de
Tributação, Controle da Arrecadação Estadual e de Fiscalização dos Tributos
Estaduais.
Em sua decisão, o desembargador Custódio Tostes afirma
que há "aparência de inconstitucionalidade". Segundo o Tribunal de
Justiça do Rio, enquanto a liminar estiver em vigor, o projeto não pode ser
colocado na pauta da Alerj.
O Estado de S. Paulo