Governo prepara novo bloqueio no Orçamento e valor
pode passar de R$ 5 bi.
Corte
decorre de elevação em despesas obrigatórias e é feito para evitar estouro do
teto de gastos.
O governo deve ampliar o bloqueio de recursos no Orçamento de 2022 para
não correr risco de descumprir a regra constitucional do teto de gastos, que
impede despesas federais de crescerem além da inflação.
A medida precisou ser tomada diante crescimento dos
gastos obrigatórios em relação ao anteriormente previsto e deve aumentar as
limitações da máquina pública a pouco mais dois meses das eleições.
Membros do Ministério da Economia comentam que o valor deve ser alto e que deve
passar de R$ 5 bilhões.
Apesar disso, eles ressaltam que as análises ainda
estão em andamento e que o número pode variar até o momento do anúncio.
O governo tem até a próxima sexta-feira (22) para
publicar qual a necessidade de bloqueio.
Os números devem ser anunciados por
meio do relatório de receitas e despesas, que o governo precisa publicar
bimestralmente, e as áreas a sofrerem cortes devem ser detalhadas só
posteriormente.
Embora o relatório normalmente expresse a
necessidade de bloqueio para cumprir a meta fiscal (resultado de receitas menos
despesas), neste ano a dificuldade é apenas no lado das despesas com o possível
estouro do teto.
Atualmente,
cerca de R$ 10 bilhões já estão contingenciados no Orçamento se considerada a
reserva de R$ 1,7 bilhão para reajustes e reestruturações.
O bloqueio mais recente, detalhado em junho,
atingiu principalmente os ministérios da Ciência, da Educação e da Saúde.
No
caso da pasta da Ciência, houve corte de R$ 2,5 bilhões dos
R$ 6,8 bilhões anteriormente previstos nas chamadas verbas discricionárias (que
o governo pode adiar, diferentemente das obrigatórias).
A tesourada equivale a
36% do total.
Na Educação, a tesourada foi de R$ 1,6
bilhão de um total de R$ 22,2 bilhões em discricionárias (7,2% do total).
Já a
Saúde recebeu um corte de R$ 1,2 bilhão de um total de R$ 17,4 bilhões (também
7,2% do total).
Ainda
passaram por cortes os ministérios da Defesa (equivalente a 6,2% das
discricionárias), do Turismo (5,6%), das Comunicações (5,6%) e das Relações
Exteriores (5,6%). Também estão na lista a Presidência da República (5,65%) e o
Banco Central (5,6%).
Completam a lista as pastas da Justiça (4,2%),
Desenvolvimento Regional (3,8%), Mulher (3,7%), Minas e Energia (3,4%),
Infraestrutura (2,6%) e Cidadania (2,1%).
FOLHA DE SÃO PAULO