Fuga de poupança em 2021 se concentra em quem tem
menos recursos
Brasileiros ainda têm
mais de R$ 1 trilhão economizado na pandemia, segundo FGC.
Os brasileiros
pouparam mais de R$ 200 bilhões em 2021, considerando produtos bancários com
cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), como CDBs, cadernetas de
poupança, depósitos a vista e letras de crédito imobiliário e do agronegócio.
Essa economia adicional, no entanto, ficou concentrada em contas com saldo
superior a R$ 20 mil.
Na faixa que inclui
clientes com saldo inferior a esse patamar, houve saída de recursos ao longo do
ano, embora os valores totais ainda estejam acima dos verificados no início da
pandemia decretada em março de 2020.
Os dados do FGC
também mostram que a capacidade de poupar perdeu força em relação ao primeiro
ano da pandemia, quando houve crescimento de R$ 830 bilhões no saldo desses
produtos.
POUPANÇA É ÚNICA APLICAÇÃO CUJO SALDO ENCOLHEU EM
2021
A caderneta de
poupança foi o único entre os principais produtos com garantia do Fundo cujo
saldo encolheu em 2021 (-1%).
A perda de recursos se deu nas aplicações com
saldo de R$ 100,01 a R$ 50 mil e também nas 119 contas com mais de R$ 20
milhões.
Embora todos esses
produtos sejam assegurados pelo FGC, no caso de insolvência da instituição
financeira, a cobertura é de até R$ 250 mil por conta.
Quem tem valores acima
disso só tem parte do dinheiro garantido pelo Fundo —99,7% dos clientes estão
totalmente cobertos.
FAMÍLIAS SACAM RESERVAS PARA PAGAR LUZ E COMPRAR ALIMENTOS
O pesquisador
Carlos Antonio Rocca, que coordena o Cemec-Fipe, aponta três fatores que
contribuíram para esse movimento: redução da incerteza em relação à pandemia no
segundo semestre do ano passado, reabertura de atividades e queda na renda real
das famílias.
Rocca lembra que as
aplicações em produtos ligados ao FGC que mais cresceram em 2020 foram aquelas
com saldos menores, principalmente durante a fase de pagamento do auxílio
emergencial.
No ano passado, foram as que mais perderam recursos.
O que é o FGC
- Entidade privada, sem fins
lucrativos, que administra o mecanismo de proteção aos depositantes e
investidores de instituições financeiras associadas
- As 231 instituições
associadas contribuem mensalmente com 0,01% do total dos recursos que
estão aplicados nos produtos elegíveis
- Garante até R$ 250 mil por
conta (pessoa física ou jurídica) até a data em que o Banco Central
decreta uma intervenção ou liquidação, com limite de R$ 1 milhão a cada
quatro anos
- Os depósitos elegíveis à
garantia totalizavam R$ 3,2 trilhões em junho de 2021. Com a limitação da
garantia, a cobertura do FGC alcançava R$ 1,7 trilhão (52,5% dos depósitos
e 99,7% dos depositantes e investidores)
Fonte: FGC (Fundo
Garantidor de Créditos)
FOLHA DE SÃO PAULO