Reforma tributária tem condição inédita de avançar,
diz CNI.
Armando Monteiro
afirma que conflito entre setores deve ser superado.
Armando Monteiro,
conselheiro emérito da CNI (Confederação Nacional da Indústria), faz previsão
de que a reforma tributária tem chance de avançar
desta vez porque o país reuniu condições que nunca teve antes.
"Acompanho
esse tema há 25 anos. A sociedade viu que o sistema está esgotado, há um raro
consenso na esfera federativa com apoio à PEC 45, a convergência sobre o IVA, a
iniciativa do Congresso com as duas PECs e o compromisso do governo",
afirma.
Na opinião do ex-senador, o conflito entre os diferentes setores na reforma
tributária deve ser superado conforme avançar o esclarecimento das propostas e
a adoção de alíquotas diferenciadas para neutralizar o impacto sobre os segmentos
mais sensíveis.
Sobre a avaliação
do setor de serviços de que pode acabar prejudicado, Monteiro afirma que a
economia é um sistema de vasos comunicantes.
"A indústria é
muito demandante de serviços. Não tem essa ideia de que um setor ganha
isoladamente. Quando a indústria cresce, serviços crescem. A indústria dá
suporte ao agro. Há muitas situações no setor terciário em que não há qualquer
prejuízo", diz.
Monteiro ressalva que as áreas de serviços mais afetadas são aqueles prestados
ao consumidor final.
"Aí o projeto
prevê, na PEC 110, para tratar de forma diferenciada alguns setores mais
sensíveis, o que significa a possibilidade de ter alíquotas mais baixas para
serviços como educação, saúde, transporte público.
Nessas áreas
que afetam de forma mais direta o consumidor final e que são essenciais, a
própria proposta já prevê a possibilidade de definir um tratamento favorecido
diferenciado a esses setores", afirma.
FOLHA DE SÃO PAULO