MERCADO DE TRABALHO 1


A onda de demissões de quem não quer abandonar o trabalho remoto.

Após a experiência bem sucedida do trabalho remoto na pandemia, muitos funcionários agora relutam em voltar aos escritórios - e a saída é a demissão; ou haverá outras?

Durante a pandemia, muitos trabalhadores disseram que pediriam demissão se seus empregadores os forçassem a voltar ao escritório. 

Em março, a Robert Half, uma empresa global de recrutamento, divulgou uma pesquisa que revelou que 50% dos trabalhadores americanos preferem se demitir do que serem forçados a voltar ao escritório em tempo integral.

No início de maio, um executivo de alto escalão pôs isso em prática: o diretor de machine learning da Apple, Ian Goodfellow, renunciou devido à política de retorno ao escritório da gigante do Vale do Silício

A empresa começou a trazer de volta trabalhadores um dia por semana a partir de 11 de abril, depois dois dias em 2 de maio, com um aumento para três dias obrigatórios a partir de 23 de maio. 

Goodfellow não estava de acordo com o plano –e pediu as contas. (A Apple não respondeu ao pedido de comentário da BBC; também ainda não comentou publicamente sobre a renúncia de Goodfellow).

Goodfellow é apenas um exemplo de grande repercussão de pessoas que optam por se demitir, em vez de aceitar contra a sua vontade a política da empresa. 

E há muito mais trabalhadores ansiosos para se demitir, mas que ainda não o fizeram. 

No entanto, alguns recrutadores e analistas acreditam que esse exemplo, de um profissional tão proeminente, pode ser um sinal de que mais demissões virão à medida que as políticas de retorno ao escritório começarem a crescer –e os trabalhadores começarem a reagir.

PONTO DE INFLEXÃO'

Embora não haja dados concretos para mostrar o aumento de demissões devido ao término do trabalho flexível especificamente, estão começando a surgir relatos de pedidos de demissão de trabalhadores.

"As empresas estão realmente começando a voltar mais e em maior escala, então os funcionários estão tendo que realmente parar para decidir se vale a pena ficar", diz Elise Freedman, sócia da Korn Ferry, uma empresa de recrutamento dos EUA.

"A outra realidade é que há muitas vagas de trabalho disponíveis no mercado."

Esses dois fatores levaram a "um ponto de inflexão", diz Eric Anicich, professor assistente de administração e organização da Universidade do Sul da Califórnia, nos EUA.

 Quando os trabalhadores começam a agir, outros provavelmente seguem o mesmo caminho. 

"Ver outros [como colegas de trabalho] e figuras de autoridade respeitadas [como executivos de alto escalão] se demitirem pode ser a gota d'água para alguns funcionários."

Woolley concorda, dizendo que mais "trabalhadores têm amigos que estão mudando de emprego e, portanto, podem se sentir menos intimidados a dar o mesmo passo".

Os planos de retorno ao escritório têm sido um problema que muitas empresas tentam adiar, mas a hora finalmente chegou para se tomar decisão. 

E, em muitos casos, trabalhadores e empregadores estão em campos opostos.



BBC NEWS
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