O presidente Michel Temer reforçará a munição do
ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-MS), com até R$ 10 bilhões
para a finalização de obras em redutos eleitorais de quem votar pela reforma da
Previdência.
Assessores presidenciais dizem que essa será uma
das "armas" para pressionar o Congresso na volta do recesso. O
dinheiro sairá da própria economia gerada em 2018 com a eventual aprovação das novas
regras da Previdência.
De acordo com o governo, cálculos da equipe
econômica indicam que os gastos com benefícios que deixarão de ser feitos
imediatamente após a reforma vão gerar uma sobra de R$ 10 bilhões no caixa se a
mudança ocorrer ainda em fevereiro.
Ainda segundo o governo, quanto mais a reforma
demorar a passar, menor será essa economia gerada. Em março, ela cai para cerca
de R$ 7 bilhões. Em abril, R$ 4 bilhões.
Desde meados do ano passado, o governo vinha
sinalizando com a liberação de recursos do Orçamento para obras em troca de
votos pela a reforma. Mas as promessas sucumbiram diante da queda de receitas
em 2017. Desta vez, a proposta é destinar os recursos da reforma às obras, um
dinheiro "carimbado".
Terão prioridade os projetos em andamento que
necessitam de pouco dinheiro para serem inaugurados ou entrarem na fase final.
Entre eles estão ajustes finais na duplicação da
rodovia Régis Bittencourt, na serra do Cafezal, obra praticamente concluída; a
segunda fase da linha de transmissão de Belo Monte; a BR-163, no Pará, os
aeroportos de Vitória (ES) e Macapá (AP) e a ponte do rio Guaíba (RS).
O governo trata essas obras como "de
campanha" porque podem gerar votos nos municípios afetados. Na avaliação
da equipe política do governo, isso faz diferença no momento em que as verbas
de campanha estão travadas pelo Orçamento nos dois fundos destinados às
eleições.
No entanto, esse dinheiro só pode ser manobrado até
junho. A legislação eleitoral proíbe que o governo destine recursos para obras três
meses antes das eleições.
Outra pressão para que os parlamentares votem o
quanto antes é a ameaça de um congelamento de despesas que pode chegar a R$ 50
bilhões sem a reforma.
Jornal FSP