Onde investir para deixar para seu filho
recém-nascido?
Melhor garantir uma
segurança financeira até seu filho concluir a faculdade, do que ele ter mais
dinheiro depois de acabado a faculdade.
Um questionamento hoje no Twitter chamou minha atenção e
gerou muitos comentários.
A pergunta exata foi "Se o seu filho nascesse
hoje e você fosse investir em um ativo, para segurar por 20 anos, e depois
transferir para ele. Qual seria?".
Óbvio que o mais
importante a se deixar para um filho é educação. No entanto, esta resposta não
faz parte da pergunta.
Portanto, não vou discutir quão mais importante são
valores e educação. Tampouco, vou entrar no debate se alguém deveria deixar
algo para o filho.
A pergunta é
simples, mas muitos não entenderam e indicaram diversos ativos. Supostamente,
deveria ser apenas um instrumento.
Um dos pontos mais
importantes a se considerar na questão é a realidade financeira do pai e seu
perfil de investidor.
Vários indicaram a
aquisição de criptoativos, como Bitcoin. Entenda, este instrumento é um dos
mais arriscados ativos a se investir atualmente.
Sim, é possível que
em 20 anos, o Bitcoin possa ter um grande valor. Entretanto, os especialistas
apontam que o mais provável é que entre 5 e 10 anos, o Bitcoin já tenha sido
substituído por outro na mesma classe e que tenha maior utilidade.
A maioria dos pais
têm seus filhos entre 25 e 45 anos. Vamos considerar o ponto médio de 35 anos
de idade.
Nesta idade,
dificilmente o pai tem um grande volume de recursos. Sua capacidade de poupança
também não é das melhores, pois ainda está em fase intermediária de carreira e
com diversos compromissos.
Assim, seria
inviável a aquisição de um imóvel para o filho, como muitos indicaram, pois,
possivelmente, ele ainda está tentando comprar sua própria casa.
Adicionalmente, ele
pode ter outros filhos. Então, seria um problema. Ou teria que comprar outro
imóvel, ou passaria pelo inconveniente de deixar o mesmo imóvel para dois
filhos.
Quem já passou por inventário com imóvel sabe do problema que é quando
o imóvel deve ser dividido por mais de um herdeiro. A briga é certa.
Alguns responderam
comprar títulos públicos referenciados ao IPCA, pois a taxa de juros está muito
elevada.
Sem dúvida, esta resposta é muito melhor que a escolha do imóvel. Mas
recai no problema do montante que se tem disponível.
A pergunta
principal que um pai deveria pensar neste momento é: o que eu posso investir
agora que vai deixar meu filho seguro em qualquer situação e que eu possa
investir pouco e sem comprometer o orçamento?
Eu só imagino uma
resposta para esta questão: seguro de vida.
Ser pai, na maioria
das vezes é uma escolha. Ao fazer esta escolha, você se comprometeu em cuidar
desta criança até que ela tenha capacidade de cuidar dela própria.
Assim, se você está
no começo ou meio de carreira, ou se você ainda não possui um patrimônio
constituído, como a criança vai ficar se algo ocorrer com você?
A alternativa do
seguro costuma ser mal vista. Este preconceito costuma ocorrer pelo
desconhecimento. Veja a simulação abaixo.
Considere que o
mesmo pai com 35 anos de idade fez um seguro do tipo resgatável com pagamentos
por 10 anos e com capital segurado de R$ 500 mil. Lembrar que esse capital
segurado é corrigido pelo IPCA.
O pai teria um
compromisso de pagamento de R$ 19,7 mil anuais com este seguro. Se o capital
segurado fosse o dobro, ou seja, de R$ 1 milhão, o prêmio anual pago seria o
dobro, ou seja, R$ 39,4 mil.
O ponto mais
relevante é que logo após o primeiro pagamento, o filho já está assegurado com
R$ 500 mil. Este valor, na maioria das vezes é suficiente para cobrir sua
educação até a faculdade.
Esse é o caso que
mencionei sobre a segurança financeira para a criança desde o dia 1.
Agora imagine que
você compre o mesmo valor em títulos públicos federais rendendo IPCA+6% ao ano.
Lembre-se que sobre os rendimentos auferidos deste investimento incide IR.
Assim, o retorno líquido de IR e acima do IPCA fica em apenas 4,4% se a
inflação média for de 5% ao ano.
No caso do seguro
de vida, não há incidência de IR sobre o benefício recebido.
Se o pai investir
R$ 19,7 mil por ano, em títulos públicos com taxa de IPCA+4,4% ao ano e por 10
anos, demoraria 26 anos para que o investimento em títulos públicos alcançasse
o capital segurado de R$ 500 mil a valores de hoje.
Ou seja, o filho só vai ter
o mesmo valor de um seguro quando tiver 26 anos de idade. Portanto, apenas
depois de já ter acabado a faculdade.
Acredito que
qualquer pai racional vai preferir a garantia de que seu filho tenha segurança
financeira para poder concluir uma faculdade, do que ele ter mais dinheiro
depois de acabada a faculdade.
FOLHA DE SÃO PAULO