Após lucro de 50% na pandemia, planos de saúde
coletivos sobem 16%.
Operadoras dizem
que caixa é ilusório porque usuários retomaram cirurgias adiadas e os custos já
subiram muito.
Usuários de planos
de saúde coletivos por adesão começaram a receber seus boletos com reajuste anual em torno de
16%.
Muitos são clientes da Qualicorp, uma das principais administradoras de
benefícios no país e que tem como parceiras 102 operadoras de saúde, e já
buscam escritórios de advocacia e associações de defesa do consumidor para
questionar o aumento na Justiça.
Além de ser o dobro
da inflação do período (o acumulado em 12
meses é de 8,06%, segundo o IBGE), a cobrança deste ano ocorre em um momento em
que se espera um reajuste dos planos individuais próximo a zero, ou até
negativo, devido à queda nos custos do setor em 2020, provocada pela redução de
cirurgias, consultas, exames e outros procedimentos eletivos durante a pandemia.
O índice de aumento dos planos individuais, que
representam cerca de 20% do total de usuários de planos de saúde, é calculado
pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). O valor deste ano ainda não
foi divulgado.
Já os planos
coletivos (empresariais e por adesão), que somam 80% dos usuários, não são
regulados pela agência.
A negociação é direta entre operadoras, empresas e
entidades de classe. O reajuste leva em conta critérios contratuais, além do
índice de sinistralidade e de variação do custo médico hospitalar.
O reajuste cobrado
pela Qualicorp para a Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São
Paulo, por exemplo, é de 15,9%.
Outras entidades de classe tiveram aumentos
semelhantes e seus usuários já buscam advogados para questioná-los
judicialmente.
Todos os anos, o
aumento dos planos coletivos gera embate por ser bem acima dos planos
individuais.
Em 2020, por exemplo, foi de 11,28%, mais de três pontos
percentuais acima do aplicado aos individuais pela ANS, segundo pesquisa do
Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
Neste ano, os
debates estão ainda mais inflamados porque o setor goza de uma boa saúde
financeira, com a queda de consultas, cirurgias e outros procedimentos
eletivos, durante a pandemia.
O lucro líquido dos
planos de saúde cresceu 49,5% em 2020, com uma receita de R$ 217 bilhões,
segundo dados da ANS.
O mercado encerrou o ano com 47,6 milhões de usuários,
com uma alta de 650 mil novos beneficiários.
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