Aras muda de posição e defende alterar Lei das
Estatais às vésperas de julgamento do STF
PGR se alinha a
governo Lula, que defende mudanças para facilitar entrada de políticos em
empresas públicas
O procurador-geral da República, Augusto Aras, mudou seu entendimento
a respeito da Lei das Estatais e passou a se posicionar contra as vedações a
políticos no comando de empresas públicas.
O posicionamento foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal),
que julga a partir desta sexta-feira (10) se a restrição prevista em lei é
válida ou não.
A ação de inconstitucionalidade foi apresentada pelo PC do B,
aliado histórico do PT, e os votos poderão ser coletados pelo sistema virtual
da corte até o dia 17 de março.
Aras tinha se posicionado em fevereiro pela improcedência da
ação, mas em documento enviado em 5 de março à corte passou a afirmar que não
havia analisado em sua manifestação anterior um aspecto essencial não
mencionado pelo PC do B.
Segundo o procurador-geral, a vedação representa
restrição a direitos fundamentais.
De acordo com a manifestação da PGR, as vedações "não podem
desconsiderar o direito fundamental de participação do indivíduo na vida
político-partidária e na esfera pública do Estado (status civitatis e status
activus), especialmente quando ausente autorização constitucional para
tanto".
Sancionada em 2016 pelo então presidente
interino Michel Temer (MDB), a Lei de Responsabilidade das Estatais (13.303/2016)
tem como objetivo fortalecer a governança das estatais, blindando-as contra
ingerência política.
Foi aprovada em
resposta a uma série de investigações que apontaram uso político das empresas
em administrações anteriores.
Para especialistas em governança, enfraquecer
a lei pode dificultar o combate à corrupção.
A lei veda a
indicação para o conselho de administração e para os cargos de diretor,
inclusive presidente, diretor-geral e diretor-presidente, de pessoas que tenham
atuado, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de
partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e
realização de campanha eleitoral.
FOLHA DE SÃO PAULO