Ministro chileno defende BC independente e se
descola de líderes da região
Em carta publicada
na Economist, Marcel rebate reportagem que critica governos de esquerda e diz
que América Latina é heterogênea.
Em uma carta
publicada pela revista The Economist no último dia 3 de março, o ministro da
Fazenda do Chile, Mario Marcel, defendeu a independência do banco central do país, descolando a
postura do governo chileno da adotada por outros líderes da região, como o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Generalizar
sobre questões econômicas ou políticas na América Latina é sempre um desafio,
uma vez que esta é uma região particularmente heterogênea", escreve o
ministro, que já presidiu o banco central chileno.
Ele, que participa
de um governo de esquerda, comentava a reportagem "Lessons from the Land
of High Inflation" ["Lições da Terra da Alta Inflação"],
publicada pela revista em 18 de fevereiro, que discutia como os governos de
esquerda da região têm questionado a independência de seus bancos centrais.
A reportagem que
motivou a carta do ministro apontava que, com apenas sete semanas no cargo, o
presidente Lula travou uma briga com a atual direção do Banco Central, ao
chamar de "vergonhosa" a taxa básica de juros de 13,75% ao ano.
Na reportagem de
fevereiro, a Economist relembra que Lula também declarou que a independência do
Banco Central era absurda e sugeriu que o Senado ficasse de olho no presidente
do BC, Roberto Campos Neto.
A publicação
relaciona a postura de Lula à de outros líderes latino-americanos, como o
mexicano Andrés Manuel López Obrador, que disse que o banco central mexicano
também deveria impulsionar o crescimento e não apenas controlar a inflação.
FOLHA DE SÃO PAULO