Comentário de Mercado - Janeiro de 2019


O ano começou com o mercado muito animado.

A taxa de cambio de Reais por Dólar flutua na faixa de R$3,70 e R$3,80 (de uma máxima de R$4,20 em 2018).

O índice da BOVESPA (que mede a rentabilidade média dos investimentos em ações) atingiu recordes históricos. Pergunto-me se os participantes do mercado não estão otimistas em excesso. Para responder, foco em três pontos: Político, econômico e conjuntura mundial.

No campo político temos importantes avanços. A equipe montada por Bolsonaro parece competente, principalmente a equipe econômica. Os discursos, e promessas, seguem na linha correta de combater a corrupção, diminuir o tamanho do estado (reduzir o número excessivo de funcionários e empresas públicas) e cortar o custo da previdência.
Entretanto, querer e fazer são coisas diferentes. Para fazer a maioria delas o Presidente necessita do apoio do Congresso Nacional. Aí é que mora o perigo. Se fosse o congresso de 2018 eu diria que ele teria poucas chances de sucesso. O Congresso de 2019 (em função de um momento de lucidez dos brasileiros) é diferente. Não temos, ainda, elementos para “entender a sua cabeça” (do antigo conhecíamos bem o bolso), nem para avaliar a destreza política de Bolsonaro para negociar com ele.

Outro ponto que me preocupa é o aparente amadorismo político do próprio governo. Nem parece que Bolsonaro tem décadas de Congresso. A comunicação dentro do próprio governo continua muito truncada. O desentendimento entre membros do primeiro escalão é aberto e claro. Para complicar, as acusações contra o filho do Presidente estão crescendo e têm potencial para prejudicar a imagem e força de Bolsonaro. Eu me pergunto: será que não tem ninguém no governo pra colocar ordem na casa e dar foco à equipe política? Até o momento parece que não. O discurso de Bolsonaro no Fórum Internacional de Davos decepcionou.

Finalmente os três níveis do governo estão quebrados (federação, estados e municípios). Os erros imorais cometidos dos últimos 15 anos nos custam muito caro hoje. Nosso problema é complexo e de difícil solução e o Governo é extremamente caro e ineficiente.
Do lado econômico só temos sinais de uma pequena melhora na expectativa dos consumidores e empresários. O que é muito pouco. Empregos e salários (importantíssimos para nosso crescimento) estão estagnados. Crescimento nos investimentos é praticamente inexistente. O país tem capacidade ociosa.
A única coisa que está controlada é a inflação (que como já disse em outros artigos) não é um sinal tão positivo assim. Não temos inflação pela falta de consumo e não pelo aumento de produtividade. Eu prefiro ver uma inflação acima de 4,5% com crescimento econômico vigoroso. Não espero ver isso esse ano.

Do lado internacional as notícias não animam. O Governo Trump é, na melhor das hipóteses, irresponsável. Tudo indica uma desaceleração na sua economia. A China, outro grande motor para o mundo, dá claros sinais de desaceleração. Europa anda lentamente e é assombrada pelo Brexit. O resultado é um crescimento menor no mundo, reduzindo nossa capacidade de vender para outros países, dificultando nosso crescimento.
Assim, pelos motivos acima eu acredito que o mercado está, no momento, muito otimista e confiante. Alguns analistas divulgam previsões do Índice da nossa bolsa em 125 mil pontos ainda esse ano. Isso só é possível com a aprovação de uma dura reforma na previdência e uma grande redução nas despesas dos três níveis governamentais. Acho que eles reduzirão suas despesas e que alguma mudança na previdência será aprovada, não consigo avaliar, ainda, a dimensão dessas mudanças.

Meu maior receio é a inabilidade do governo em negociar com o Congresso e aprovar os cortes necessário.

Por exemplo, segundo matéria publica pelo portal de notícias UOL em janeiro de 2018, o custo do nosso congresso é dos maiores do mundo. Pergunto: Que político quer cortar seu próprio salário e mordomias?
Isto posto estou reduzindo a exposição em bolsa (se você tiver bolsa coloque ao menos o lucro no bolso).

A taxa SELIC deve continuar baixa então aproveito para aumentar a alocação em títulos que pagam uma taxa de juros fixa (ou taxa prefixada) e naqueles que pagam a inflação mais uma taxa fixa. Dou preferência para papeis emitidos por empresas de primeira linha dentro dos incentivos fiscais. O imposto sobre o ganho é alto.
Acompanhar a dinâmica mundial e a nossa política é fundamental. Tudo pode mudar rapidamente. O risco existe, mas não está claro.

Lauro Araujo - Consultor, Planejador Financeiro Pessoal na empresa LAS Consultoria de Investimentos



Lauro Araujo - Consultor, Planejador Financeiro Pessoal na empresa LAS Consultoria de Investimentos
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