O ano
começou com o mercado muito animado.
A taxa de
cambio de Reais por Dólar flutua na faixa de R$3,70 e R$3,80 (de uma máxima de R$4,20 em 2018).
O índice da BOVESPA (que mede a rentabilidade média dos
investimentos em ações) atingiu recordes históricos. Pergunto-me se os
participantes do mercado não estão otimistas em excesso. Para responder, foco
em três pontos: Político, econômico e conjuntura mundial.
No campo político temos importantes avanços. A equipe
montada por Bolsonaro parece competente, principalmente a equipe econômica. Os
discursos, e promessas, seguem na linha correta de combater a corrupção,
diminuir o tamanho do estado (reduzir o número excessivo de funcionários e
empresas públicas) e cortar o custo da previdência.
Entretanto, querer e fazer são coisas diferentes.
Para fazer a maioria delas o Presidente necessita do apoio do Congresso
Nacional. Aí é que mora o perigo. Se fosse o congresso de 2018 eu diria que ele
teria poucas chances de sucesso. O Congresso de 2019 (em função de um momento
de lucidez dos brasileiros) é diferente. Não temos, ainda, elementos para
“entender a sua cabeça” (do antigo conhecíamos bem o bolso), nem para avaliar a
destreza política de Bolsonaro para negociar com ele.
Outro ponto que me preocupa é o aparente amadorismo
político do próprio governo. Nem parece que Bolsonaro tem décadas de Congresso.
A comunicação dentro do próprio governo continua muito truncada. O
desentendimento entre membros do primeiro escalão é aberto e claro. Para complicar,
as acusações contra o filho do Presidente estão crescendo e têm potencial para
prejudicar a imagem e força de Bolsonaro. Eu me pergunto: será que não tem
ninguém no governo pra colocar ordem na casa e dar foco à equipe política? Até
o momento parece que não. O discurso de Bolsonaro no Fórum Internacional de
Davos decepcionou.
Finalmente os três níveis do governo estão quebrados
(federação, estados e municípios). Os erros imorais cometidos dos últimos 15
anos nos custam muito caro hoje. Nosso problema é complexo e de difícil solução
e o Governo é extremamente caro e ineficiente.
Do lado econômico só temos sinais de uma pequena
melhora na expectativa dos consumidores e empresários. O que é muito pouco.
Empregos e salários (importantíssimos para nosso crescimento) estão estagnados.
Crescimento nos investimentos é praticamente inexistente. O país tem capacidade
ociosa.
A única coisa que está controlada é a inflação (que
como já disse em outros artigos) não é um sinal tão positivo assim. Não temos
inflação pela falta de consumo e não pelo aumento de produtividade. Eu prefiro
ver uma inflação acima de 4,5% com crescimento econômico vigoroso. Não espero
ver isso esse ano.
Do lado internacional as notícias não animam. O Governo
Trump é, na melhor das hipóteses, irresponsável. Tudo indica uma desaceleração
na sua economia. A China, outro grande motor para o mundo, dá claros sinais de
desaceleração. Europa anda lentamente e é assombrada pelo Brexit. O resultado é
um crescimento menor no mundo, reduzindo nossa capacidade de vender para outros
países, dificultando nosso crescimento.
Assim, pelos motivos acima eu acredito que o
mercado está, no momento, muito otimista e confiante. Alguns analistas divulgam
previsões do Índice da nossa bolsa em 125 mil pontos ainda esse ano. Isso só é
possível com a aprovação de uma dura reforma na previdência e uma grande
redução nas despesas dos três níveis governamentais. Acho que eles reduzirão
suas despesas e que alguma mudança na previdência será aprovada, não consigo
avaliar, ainda, a dimensão dessas mudanças.
Meu maior receio é a inabilidade do governo em negociar
com o Congresso e aprovar os cortes necessário.
Por exemplo, segundo matéria publica pelo portal de
notícias UOL em janeiro de 2018, o custo do nosso congresso é dos maiores do
mundo. Pergunto: Que político quer cortar seu próprio salário e mordomias?
Isto posto estou reduzindo a exposição em bolsa (se
você tiver bolsa coloque ao menos o lucro no bolso).
A taxa SELIC deve continuar baixa então aproveito para
aumentar a alocação em títulos que pagam uma taxa de juros fixa (ou taxa
prefixada) e naqueles que pagam a inflação mais uma taxa fixa. Dou preferência
para papeis emitidos por empresas de primeira linha dentro dos incentivos
fiscais. O imposto sobre o ganho é alto.
Acompanhar a dinâmica mundial e a nossa política é
fundamental. Tudo pode mudar rapidamente. O risco existe, mas não está claro.
Lauro
Araujo
- Consultor, Planejador Financeiro Pessoal na empresa LAS Consultoria de Investimentos
Lauro Araujo - Consultor, Planejador Financeiro Pessoal na empresa LAS Consultoria de Investimentos