Os fundos de pensão buscam retomar, a partir da semana que se
inicia hoje (13), as discussões sobre o aperfeiçoamento da regulação de seus
investimentos, tema que deverá integrar as diretrizes de planejamento do
sistema de Entidades Fechadas de Previdência Complementar em 2017. No período
estará reunida a Diretoria da Abrapp, mas é especialmente na reunião da
Comissão Técnica Nacional de Investimentos da Associação, também agendada para
esses dias, que muitas das atenções estarão voltadas, como um dos assuntos a
serem tratados prioritariamente, para a revisão da Resolução do
Conselho Monetário Nacional nº 3.792/2009. Um debate que deve resultar em
avanços relevantes em termos de controles internos de risco, profissionalização
e governança.
Esse debate inclui questões que abrangem desde a forma e os limites para
investir em ativos imobiliários e a utilização de produtos derivativos
até as regras para aplicar em fundos de investimento no exterior, entre outras,
assuntos que estão em pauta há pelo menos dois anos. Como resultado de um
esforço conjunto que exigiu várias rodadas de discussão entre a Abrapp, via CTN
e o órgão regulador do sistema – Previc -, as sugestões para o novo
modelo normativo estão agora sob análise no âmbito do Ministério da Fazenda
para serem levadas ao CMN, explica o diretor executivo da Abrapp e responsável
pela CTN, Guilherme Velloso Leão.
Avanços na gestão de riscos - Mais do que uma discussão em torno de percentuais e regras
numéricas, porém, a expectativa é de que a legislação consiga avançar em
melhorias que tragam mais segurança para todos, explica o dirigente.
Independentemente da conjuntura dos mercados, o grande foco dessa atualização
regulatória é promover mudanças que vão na direção do aprimoramento de
controles internos e da governança. Além disso, o novo normativo deverá
reforçar a importância do processo de qualificação – via certificação e
habilitação – dos profissionais que atuam na área de investimentos das EFPCs.
“O que se busca é aprimorar a gestão dos riscos dos investimentos,
incorporar determinados mecanismos de controle de gestão, com processos e
documentos que ajudem a mitigar riscos de problemas como os que ocorreram
recentemente com alguns ativos, entre eles alguns FIPs e alocações em crédito
privado”, observa Leão.
Limites e cenários –
Além disso, espera-se também que sejam introduzidas algumas mudanças
relativas aos limites de investimento em determinadas classes de ativos, assim
como a inclusão de novos produtos que atualmente não estão classificados de
maneira clara nas normas de investimento, como os ETFs (fundos de índices) e os
COEs (Certificados de Operações Estruturadas). Desde o início das
discussões sobre a revisão da norma, por conta das mudanças ocorridas na
economia, também mudaram algumas prioridades táticas. As regras para aplicação
em fundos de investimento no exterior, por exemplo, que preocupavam bastante
gestores e dirigentes de entidades há dois anos, não são mais a principal
preocupação no momento, analisa o diretor Finaneiro da Aceprev e integrante da
CTN de Investimentos, Gualter Moreira. “Acredito que, do ponto de vista dos
limites, as mudanças que permitam uma maior participação em investimentos
imobiliários e os aspectos ligados aos mercados derivativos devam ser
mais enfatizados”.
A revisão das regras ainda não é considerada como uma demanda uniforme
de todo o sistema, pondera o consultor da NetQuant, Marcelo Nazareth. “É
possível que haja questões específicas a serem tratadas que interessam mais
diretamente a algumas entidades, como por exemplo a ampliação do limite para
aplicar em ações”. Mas, olhando para a conjuntura dos mercados e a demanda por
diversificação, ele não vê necessidade de mudanças expressivas nos limites
legais já que os percentuais máximos estão longe de ser atingidos. Até
porque, observa Nazareth, com o juro pago pelos títulos públicos ainda em
patamar elevado, é difícil imaginar uma corrida de investidores em busca de
ativos de risco que exija limites mais flexíveis.
Em relação aos limites para investimento no exterior,
por exemplo, ele lembra que os mercados financeiros domésticos tem
proporcionado ganhos relevantes para as EFPCs. De fato, o volume aplicado hoje
no exterior não chega nem à metade do limite legal, observa Nazareth. “Se
houver sinais de maior preocupação com o futuro econômico brasileiro, aí sim
poderemos ter uma maior demanda por investimentos no exterior, mas no momento
isso não parece tão relevante”
Diário dos Fundos de Pensão