Em editorial publicado na semana passada jornal de São Paulo já havia
alertado para o que chamou no título de editorial de “a alarmante
escalada do déficit da Previdência”.
Ontem, domingo (7) foi a vez de
jornal do Rio fazer o mesmo, dizendo de forma muito clara que “nova
Reforma da Previdência é inadiável”.
Lembrando ter a receita da Seguridade Social no ano passado
atingido R$ 1,179 trilhão, o suficiente para cobrir apenas 73,3% da despesa
total de R$ 1,6 trilhão do sistema de previdência e assistência social.
O
déficit de R$ 429 bilhões em 2023, revelado em estudo de pesquisadores do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com dados coletados da Receita
Federal, mostra que é urgente repensar o sistema previdenciário.
Ainda que em
2019 a Previdência tenha passado por sua mais ampla reformulação desde a
Constituição de 1988, os números comprovam que não foi o bastante para garantir
o financiamento futuro.
O novo trabalho do Ipea corrobora, com precisão técnica inquestionável,
a necessidade de um novo e profundo debate sobre a questão previdenciária.
Há
pouco mais de quatro anos, mudanças fundamentais para a manutenção do sistema,
como a extinção da aposentadoria por tempo de contribuição, representaram
avanço importante, mas não solucionaram os problemas de financiamento.
Faz-se
necessário, no atual contexto de discussão da reforma tributária, retomar um
debate profundo para garantir a solvência previdenciária nas próximas décadas.
É preciso examinar pontos que passaram por correções suaves ou não foram
alterados.
É o caso da diferença na idade de aposentadoria de homens e
mulheres, dos regimes especiais de servidores públicos, da aposentadoria rural
ou dos benefícios assistenciais.
A indexação de reajustes ao salário mínimo —
que consumirá com o tempo todos os ganhos fiscais da última reforma —
contribuiu para chamar a atenção para os desequilíbrios previdenciários. Mas,
em razão da inexorável realidade demográfica, eles são maiores e mais
profundos.
Um novo estudo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) demonstra o tamanho do problema.
No início deste século, o
regime do INSS que atende aos
trabalhadores da iniciativa privada (RGPS) arrecadava receitas equivalentes a
84,7% das despesas.
De lá para cá, o buraco só fez aumentar e, no ano passado,
a arrecadação foi de apenas 65,9% dos gastos. Buscar o equilíbrio aumentando
somente a alíquota de contribuição é irrealista.
Atualmente, o empregado paga
entre 7,5% e 14% do salário. Pelas estimativas do estudo, para custear o RGPS,
a alíquota deveria ser de 36%. Um sistema com déficit progressivo é, por
definição, insustentável.
Olhando para frente, a situação tende a piorar”.
O GLOBO