Previdência aberta ganhará mais espaço com as novas regras


As regras mais duras da proposta de reforma da Previdência fizeram crescer entre os brasileiros o temor de não conseguir assegurar renda suficiente na aposentadoria, o que colocou em posição de destaque a previdência complementar como uma alternativa para o futuro. Essa maior preocupação dos brasileiros se refletiu na captação dos fundos de previdência este ano, à medida que as discussões sobre a reforma se intensificaram: até novembro, o crescimento foi de 17,6%, com R$ 38 bilhões em depósitos, o segundo recorde consecutivo. No entanto, é preciso ressaltar que esses fundos têm um caráter complementar. Apenas quem recolhe a contribuição ao INSS tem direito a outros benefícios da Previdência oficial, como auxílio-doença e licença-maternidade.

 

Na maior parte dos planos de previdência privada disponíveis no mercado, o beneficiário faz aportes mensais e, a partir de uma determinada data, passa a receber um valor preestabelecido na contratação do plano. Esses planos são uma boa opção tanto para os trabalhadores autônomos como para quem tem renda acima do teto do INSS (hoje em R$ 5.189,82) e quer manter seu padrão de vida depois da aposentadoria. Mas se o contratante tiver um problema de saúde antes do prazo definido para começar a receber o benefício, não terá cobertura. E só receberá o auxílio-doença previsto pelo sistema público se contribuir para o INSS.

 

— A previdência complementar é para o cidadão manter o seu poder de compra no futuro, em especial quem ganha mais que o teto. Já no sistema público, a tendência é que o benefício seja para garantir a sua subsistência, mesmo em um período afastado do trabalho. Por isso, os dois se complementam — explica Paulo Valle, diretor-presidente da Brasilprev.

 

Esses benefícios adicionais, ressaltam especialistas, tornam indispensável a contribuição para o sistema público. Por outro lado, eles reconhecem que o aumento do tempo de contribuição, que irá vigorar caso seja aprovada a proposta de reforma, estimula o contribuinte a buscar essa complementariedade, que pode ser resgatada antes mesmo da aposentadoria oficial.

 

 

No sistema privado, o cálculo da contribuição é feito com base na expectativa de vida da pessoa e nos vencimentos que ela quer ter no futuro. Os recursos são aplicados mensalmente, para serem resgatados ao fim do período contratado. Já no INSS, o que ocorre, na prática, é que quem está na ativa paga os benefícios dos aposentados e outros beneficiários (pensionistas, por exemplo) e não há incorporação de rendimentos sobre as contribuições mensais — que são descontadas da folha de pagamento e podem chegar a R$ 570,88 ao mês.  

O Globo
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