Divulgados
dias atrás, os índices até já haviam dado uma pista das dificuldades
enfrentadas pelos planos de autogestão em saúde, dos quais 34 são administrados
por fundos de pensão. O IPCA-Saúde atingiu 11,05% no ano passado, enquanto o
FIPE-Saúde subiu a 11,66%, ambos praticamente o dobro de uma das principais
medidas da inflação, o 6,29% registrado pelo IPCA no período. Esses
percentuais, nota Rogério Carlos Lamim Braz, diretor-superintendente do Eletros
Saúde, o plano da Fundação Eletrobrás de Seguridade Social - Eletros e
Coordenador da Comissão Técnica UNIDAS-ABRAPP de Planos de Autogestão em
Saúde, traduzem a explosão dos custos médicos e ressaltam a urgente necessidade
de se buscar soluções.
O próprio
IPCA, aliás, festejado por ter ficado em 2016 abaixo das próprias
expectativas do governo e dentro da meta para o ano, permitindo inclusive uma
redução maior dos juros pelo Copom, só não foi menor porque acabou sendo
pressionado pelos custos com planos de saúde, que subiram 13,66%, e com
remédios, cuja alta alcançou os 12,50%.
Outros
desafios além dos custos - Para Aderval Paulo Filho, Presidente da
UNIDAS - União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, os
principais desafios não se limitam aos custos assistenciais, uma
vez que há também a judicialização, a gestão da população idosa (o
segmento das autogestões concentra o maior percentual, 28,2%), o implemento de
novas tecnologias de forma agregada, além de normativos da ANS que não levam em
consideração a especificidade do segmento. “Somente conseguiremos superá-los
intensificando nossas ações conjuntas, buscando investir ainda mais em
programas de promoção à saúde e prevenção de doenças, sensibilizando
legislativo e órgãos reguladores em relação às autogestões, destacando suas
características visando o crescimento do modelo”.
Aderbal,
que é também dirigente da Fundação Sanepar de Previdência e Assistência Social
– FUSAN, sublinha já terem a Unidas e a Abrapp apresentado à ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) as demandas mais urgentes. A pauta incluí
reivindicações técnicas, com temas relativos às margens de solvência, à
provisão para eventos ocorridos e não avisados, e a eventos e sinistros a
liquidar. “Com as regras que temos hoje, as autogestões correm risco. Somos
responsáveis por mais de 5 milhões de vidas e esse é um público que se sair das
autogestões irá sobrecarregar o SUS ainda mais. Além disso, atendemos o maior
percentual de idosos da saúde suplementar. Por isso, somos um segmento
diferenciado e que precisa ser tratado de maneira diferenciada”, arremata.
“Os desafios precisam ser enfrentados sem tardar”, assinala
Rogério, chamando a atenção para o fato de que as empresas que exploram o
segmento enfrentam também a elevação dos custos, mas em compensação oferecem os
seus serviços para quem e onde as interessa e podem mesclar ganhos e perdas
entre os seus vários produtos em carteira.
Diário dos Fundos de Pensão