Banco Mundial prevê Brasil entre as economias com
pior desempenho na América Latina em 2021.
Instituição
diz que região é a mais afetada por mortes e queda no PIB até o momento.
O Banco Mundial projeta crescimento de 3% para a
economia brasileira em 2021, número próximo das estimativas do governo e do setor privado e que coloca o país entre
os dez com resultados mais fracos esperados para 29 economias da América Latina
e Caribe, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (29).
Em 2020, a economia brasileira encolheu 4,1%, a
sexta menor queda e um resultado acima da média de -6,7% na região, que deve
ter expansão de 4,4% em 2021, segundo o Banco Mundial.
O Brasil foi o país com
maior gasto para enfrentamento da pandemia, devido ao auxílio emergencial.
A América Latina e o Caribe sofreram mais danos
sanitários e econômicos devido à pandemia da Covid-19 do que qualquer outra
região, embora haja potencial para uma transformação significativa em
setores-chave à medida que a região começa a se recuperar, diz o relatório do
banco.
O número de mortes, por exemplo, cresceu quase 90%
na região, o triplo do aumento verificado na média mundial, enquanto a retração
econômica foi maior do que em outros blocos de países.
Para 2021, não há
perspectiva de um ritmo de vacinação que confira imunidade à população da
América Latina neste ano, segundo o banco.
Para a instituição, a turbulência causada pela pandemia pode
contribuir para uma maior produtividade por meio da reestruturação econômica e
da digitalização.
Há também oportunidades de crescimento decorrentes de
inovações no setor elétrico, principalmente energia limpa.
Martín Rama, economista-chefe do banco para a
região, afirma que a crise da Covid-19 terá impacto prolongado sobre as
economias locais. Ele citou três questões de longo prazo.
A primeira é o fechamento de escolas por muito
tempo e sem que grande parte da população tivesse acesso a meios alternativos
de aprendizado.
O segundo, o elevado desemprego, que se soma ao primeiro
problema para gerar uma expectativa de salários piores no futuro,
principalmente para as mulheres.
Uma terceira questão é o alto endividamento público
e privado, pode gerar tensão no setor financeiro e retardar a recuperação.
Segundo Rama, o adiamento de vencimentos de dívidas não permite saber, por
exemplo, qual a real situação das empresas da região.
FOLHA DE SÃO PAULO