ÁLCOOL NA MIRA


Embora as gerações consumam álcool de formas diferentes, mais jovens estão bebendo cada vez mais cedo.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, a experimentação alcoólica entre adolescentes no Brasil passou de 52,9% para 63,2% entre 2012 e 2019

Mudanças culturais e tecnológicas, como o uso de redes sociais, transformaram a maneira como pessoas que nasceram em períodos diferentes bebem. 

Enquanto a geração X (nascidos entre 1965 e 1980) cresceu num contexto em que o consumo de álcool era amplamente associado à socialização e à curtição do efeito da embriaguez, os millennials (1981 a 1996) e a geração Z (1997 a 2012) adotaram perspectivas mais cautelosas e estratégicas sobre o uso de bebidas, seja pensando na saúde ou no comportamento.

Mas apesar das condutas distintas, uma tendência se mantém: os jovens estão começando a beber cada vez mais cedo, afirma Maurício de Souza Lima, médico hebiatra (especialista na saúde adolescentes) do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) do IBGE, a experimentação alcoólica entre adolescentes no Brasil passou de 52,9% para 63,2% entre 2012 e 2019. 

relatório Vigitel de 2023, do Ministério da Saúde, também mostra um crescimento no consumo abusivo de álcool na população em geral, de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023.

Enquanto 28% da geração X começou a beber antes dos 18 anos, esse percentual subiu para 37% na geração Y (millennials) e 48% na geração Z, aponta o levantamento Copo Meio Cheio, da Go Magenta, empresa de estratégia de marca e pesquisa.

O hábito de beber funciona ainda como uma válvula de escape para o estresse para algumas pessoas, principalmente entre os homens. 

A cultura de repressão emocional faz com que muitos recorram ao álcool em vez de buscar apoio psicológico, completa a psicóloga Vanessa Amorim.

Uma pesquisa publicada em fevereiro deste ano no The Lancet reforça que o álcool é uma causa evitável de câncer, já que não existe uma dose segura e a conscientização desse risco é baixa.

No mesmo mês, a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou um documento apoiando a inclusão de advertências nos rótulos de bebidas alcoólicas, seguindo o exemplo da Irlanda, mas enfrenta oposição da indústria.

 



FOLHA DE SÃO PAULO
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