Os 202,5
mil participantes do Previ (105 mil ativos e 97 mil beneficiários), o Fundo de
Previdência Complementar do Banco do Brasil, os 149 mil da Petros, da Petrobras
(84,6 mil ativos e 64,4 mil beneficiários) e os 136 mil da Funcef, da Caixa
(94,9 mil ativos e 41,1 mil beneficiários e os 100 mil (70 mil ativos e 30 mil
beneficiários) do Postalis, dos Correios, estão sendo obrigados a cobrir os
déficits de R$ 16,1 bilhões na Previ, 22,6 bilhões na Petros, R$ 8,1 bilhões na
Funcef e 5,6 bilhões na Postalis, que a má gestão e os lobistas de partidos
políticos criaram nos fundos.
Um reparo
inicial: os números da Previc sobre os ativos desses fundos são outros: Previ,
R$ 163,1 bilhões; Petros R$ 82,8 bilhões; Funcef R$ 57,9 bilhões e Postalis R$
8,9 bilhões.
De saída,
uma constatação: nunca se viu ou se divulgou fraudes, irregularidades e
bandalheiras nos fundos de pensão privados, o que parece ser privativo dos
fundos públicos, por alguma razão que a própria razão desconhece!
Uma parte
da conta será paga pelas empresas. Outra parte pelos trabalhadores.
Os
autores dos rombos, planejadores e executores, estão imunes e não parece que
serão responsabilizados. Continuarão livres, leves e soltos em Brasília, à
espera de uma nova missão em outros fundos públicos. Afinal, este é o nicho de
negócios deste punhado de executivos das sombras…
Esses
fundos foram fiscalizados pela Previc? A resposta é que certamente sim. A
Previc revela que em 2015 foram realizadas 84 ações de fiscalização, emitidos
41 autos de autuação, recebidos 141 processos de denúncias e 18 de representações,
além de monitoramento de investimentos, atuarial e contábil. E por que não
interromperam os desmantelos nos quatro fundos públicos? Certamente a
fiscalização passou no alto da torre, acompanhando os deslocamentos das nuvens,
levadas pelos ventos…
Será que
a Previc, herdeira da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da
Previdência, não sabia o que se passava nos fundos? Sabia. E por que não agiu?
Boa pergunta! Porque foi montada pelo governo e os partidos da base, uma
megaoperação de fraudes “conhecidas e consentidas”. Não interessava à Previc
fiscalizar, mas “fingir” que estava fiscalizando. A Previc não tem fiscais
próprios. Os que têm são da Receita. Provavelmente não tinham acesso e nem
autoridade para fiscalizar.
Patifaria
idêntica ocorreu com os fundos de estados e municípios, na Previc e fora dela,
com governadores e prefeitos, diante da grave crise financeira, metendo a mão
nas disponibilidades dos fundos, como fizeram com os bancos estaduais que foram
a pique.
Os fundos
têm patrimônio de R$ 144,8 bilhões (Previ), R$ 79,4 bilhões (Petros), R$ 54,4
bilhões (Funcef) e R$ 8,9 bilhões (Postalis).
Outra
pergunta: será que a bandalheira só ocorreu nos últimos 13 anos? Claro que não.
Em outros governos os mesmos fundos foram saqueados. Isto vem de longe.
Onde está
a fraude?
Antigamente
dizia-se que estava nas mesas de operação dos fundos. Realmente, a fraude era
grosseira. A partir de então, os fundos foram obrigados a terceirizar as mesas,
e a ter um diretor de investimentos. Reinventaram então a roda: comprar ativos,
participações em empreendimentos e aplicação em papeis supervalorizados de
fundos de investimentos de empresas próximas dos partidos, sem análise de
risco. Virou festa. Na maioria das vezes as operações foram fechadas de fora
para dentro, “socializando-se as perdas e se apropriando dos lucros”.
O cruel
nesta história é que enquanto a impunidade cobre com seu manto os mandantes,
autores e beneficiários dos saques dos fundos, os ativos e inativos dos fundos
foram intimados a pagar a conta, mediante acréscimo nas suas contribuições
mensais, de forma nada transparente.
É uma
situação incômoda para a parcela da sociedade brasileira que sonha em ter uma
aposentadoria digna e uma velhice tranquila, na capitalização dos fundos de
pensão, públicos e privados.
Vocês não
sabem, mas o nome de previdência complementar é porque o participante do fundo
recebe a sua aposentadoria no INSS, até o teto, e recebe do fundo a parte
complementar que lhe assegurará um beneficio próximo do que recebia em
atividade. O participante contribui para o INSS e para o fundo.
Com
ativos de R$ 750 bilhões, os fundos de pensão – desde algum tempo – são
utilizados pelo Ministério da Fazenda como instrumentos de política fiscal, sob
orientação do Banco Brasil, que disciplina as aplicações financeiras. Nem todos
seguem o protocolo, mas os fundos são maiores do que os ardis dos larápios.
Isto é positivo.
Se
consideramos desastrosos os desmandos praticados para os participantes dos fundos,
há muitas incertezas.
Criaram,
por exemplo, o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal –
Funpresp. O servidor vai contribuir com 11% de R$ 3,691,74. Querem estendê-lo
aos estados e municípios. Será um mega fundo. Mas é temerário. A administração
será do governo e de políticos. Será que vão roubar…
Paulo César Régis de Souza sou vice-presidente executivo da Associação dos Servidores da Previdência