Aposentados
ganham na Justiça e ameaçam independência patrimonial e segregação dos planos.
Os aposentados estão conseguindo vencer no STJ discussão que trata
da solidariedade entre patrocinadores de um plano de previdência complementar
quando um deles deixa de contribuir para o fundo.
A discussão no STJ se dá por
meio de um imbróglio judicial de décadas envolvendo a Previdência Usiminas e
pouco mais de 400 aposentados da falida Companhia de Ferro e Aço de Vitória
(Cofavi).
O fato novo é ter a 3ª Turma decidido seguir julgamento da 2ª Seção,
realizado em junho.
Tudo começou quando a Cofavi faliu, depois de ter fechado acordo
com o fundo de pensão gerido pela Cosipa - incorporada pela Usiminas em 2009.
Ela interrompeu o recolhimento das contribuições e o repasse de valores à
Fundação Cosipa de Assistência Social (Femco) - atual Previdência Usiminas.
Em julgamento na semana passada de um dos 188 processos em curso
prevaleceu o pensamento do relator, ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, cujo
entendimento é ser dever do ente previdenciário assegurar o pagamento do benefício
ao participante que já cumpriu as condições previstas contratualmente para
tanto, ainda que tenha ocorrido a falência da patrocinadora e ausência de
repasse de contribuições ao fundo previdenciário.
Nas ações sobre o tema que tramitam no STJ, ex-empregados da
Cofavi pedem a continuidade do pagamento da aposentadoria suplementar,
interrompida após a decretação de falência da patrocinadora.
A Previdência
Usiminas, por sua vez, argumenta que é inviável continuar a pagar o benefício,
por não existir fonte de custeio nem solidariedade entre os fundos Femco/Cosipa
e Femco/Cofavi.
Sendo assim, não poderia usar os recursos de um para
pagar outro, uma vez que as contabilidades são separadas por determinação
legal.
A Abrapp atua como "amicus curiae" em um dos processos e
o Presidente Luís Ricardo Martins falou ao jornal em defesa da independência
patrimonial de cada plano de benefícios, exatamente para que não haja
contaminação entre um e outro.
Ana Rita Petraroli, advogada do Iba, alerta que
o assunto envolve a sustentabilidade da previdência privada.
VALOR