O sistema da previdência complementar fechada está preparado para
receber os novos planos de benefícios voltados para os servidores municipais.
Depois da criação dos fundos dos servidores estaduais, que já funcionam em
diversos estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais,
entre outros, agora é a vez dos municípios oferecerem a previdência
complementar, em linha com as propostas da Reforma da Previdência que está
tramitando no Congresso Nacional.
A Abrapp, como facilitadora das boas tendências e na liderança do
sistema, encoraja a todos de diferentes formas, entre as quais figuram a
criação de um ativo Comitê de Previdência Complementar dos Servidores Públicos.
Nele estão representadas todas as entidades patrocinadas por governos em
diferentes instâncias.
“Está começando um forte movimento de municípios que terão que se
adequar à reforma da Previdência. Além da reforma, a previdência complementar é
uma solução para enfrentar o problema demográfico do déficit da previdência dos
entes públicos”, diz Carlos Flory, Presidente do SP-Prevcom e Diretor da
Abrapp. De acordo à proposta que tramita na Câmara, os entes públicos terão
prazo de seis meses para aprovar regras próprias para a reforma, caso
contrário, terão que seguir as mesmas normas aprovadas para os servidores
federais. Em todo caso, os estados e municípios terão um prazo de dois anos
para implantar a previdência complementar para os novos servidores.
Carlos Flory explica que a grande maioria dos municípios não terá
massa suficiente de servidores que ganham acima do teto do RGPS para criar uma
entidade fechada própria. Por isso, Flory acredita que a maioria deve aderir
aos fundos estaduais. O próprio SP-Prevcom é um fundo que aprovou o
multipatrocínio no final do ano passado com o objetivo de atrair a adesão de
outros estados e também de municípios. “Grande maioria das cidades não deve ter
escala para montar fundo próprio. Por isso, estamos conversando com os gestores
municipais para oferecer a solução do multipatrocinado”, diz o Presidente do
SP-Prevcom.
Flory participou de um evento da Apeprem (Associação Paulista de
Entidades de Previdência Municipais) na quinta, dia 27 de abril, para falar
sobre o tema. O SP-Prevcom já firmou protocolo de adesão com o estado de
Rondônia, naquela que deve ser a primeira ao fundo de outro ente público. E
agora aposta também na adesão dos municípios.
Goiás – Na mesma linha de São Paulo, a entidade fechada de Goiás,
o Prevcom-GO também está mirando a adesão de outros estados e municípios.
“Estamos aprovando legislação específica para permitir a administração de
planos para servidores de outros estados e municípios”, comenta Murilo Luciano
Barbosa, Diretor Administrativo do Prevcom-GO. Ele acredita que deve atrair, em
um primeiro momento, a adesão de sete ou oito municípios do estado de Goiás.
“São municípios que precisam implantar a previdência complementar, mas que não
têm escala para criar uma entidade própria”, diz Barbosa.
Além da abertura para a adesão de outros entes públicos, o fundo
de Goiás também deve permitir a migração de servidores que já pertenciam aos
quadros do estado antes da criação da previdência complementar. Atualmente, o
estado de Goiás conta com cerca de 100 mil servidores da ativa, dos quais 45%
ganham acima do teto do RGPS. “A projeção é que teremos cerca de 10 mil
participantes na entidade em cinco anos, sem contar a migração de servidores
antigos”, diz o diretor do Prevcom-GO.
Curitiba – Além da opção de aderir a um fundo multipatrocinado, há
municípios que estudam a alternativa de criação de uma entidade fechada
própria, como é o caso de Curitiba. “Estamos montando uma entidade própria que
já deve nascer aberta ao multipatrocínio, com a possibilidade de administrar
planos de outros municípios”, conta José Luiz Taborda Rauen, Coordenador do
Projeto do Curitibaprev, Diretor do Sindapp e Coordenador da Comissão Mista de
Autorregulação.
O dirigente explica que o município de Curitiba tem escala para
montar um fundo próprio, mas que pretende atrair adesões de outras cidades com
o objetivo de ganhar uma massa maior de participantes. “Com maior escala, temos
maior poder de barganha para reduzir as taxas de administração na gestão de
recursos e viabilizar o custeio administrativo”, comenta Rauen. O projeto de
criação do Curitibaprev, nome da nova entidade, já foi apresentada na Câmara
Municipal e espera sua aprovação nas próximas semanas.
Em relação às propostas da Reforma da Previdência, Rauen acredita
que a maior parte dos municípios deve aderir aos fundos multipatrocinados do
sistema fechado. “Historicamente, os fundos fechados apresentam retornos muito
mais altos que os fundos abertos de bancos e seguradoras”, comenta o Diretor do
Sindapp. Ele se refere à proposta da Reforma que permite a entrada de bancos e
seguradoras na administração de planos de servidores públicos.
O Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Macondes Martins, tem se
posicionado contrário à proposta de abertura da gestão dos planos dos
servidores para os bancos e seguradoras, devido à concorrência desigual que
ocorre em relação às entidades fechadas.
José Luís Rauen reforça essa posição do sistema. “É muito importante o
posicionamento do sistema Abrapp contra a entrada dos bancos e seguradoras,
cujos produtos têm muito mais o caráter financeiro que a finalidade
previdenciária”, diz Rauen.
Diário dos Fundos de Pensão