CONTAS PÚBLICAS


Tebet prevê rombo de R$ 120 bi neste ano, maior que a estimativa oficial

Ministra diz que governo precisará incorporar gasto adicional com reajuste do salário mínimo.

Um dia após o governo revisar sua projeção oficial para as contas públicas, com um déficit de R$ 107,6 bilhões, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou esperar um rombo maior, de R$ 120 bilhões.

A ministra disse que a equipe econômica ainda precisará incorporar às estimativas a despesa adicional com o reajuste extra do salário mínimo, de R$ 1.302 para R$ 1.320 a partir de 1º de maio.

Embora o aumento já tenha sido anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo preferiu não incluir agora esse gasto no Orçamento. 

A estimativa é que a medida custe mais R$ 4,5 bilhões.

A justificativa é que o ato legal do novo aumento ainda não foi editado. 

Mas a manobra contribuiu para o governo conseguir exibir um déficit menor em seu primeiro relatório de avaliação de receitas e despesas.

"É uma projeção, mas ela está caminhando no sentido que nós queremos, de que o déficit fiscal no Brasil não se encerrará com R$ 230 bilhões, e sim algo em torno, agora com essa projeção, de R$ 107 bilhões. 

Podemos ter uma pequena alteração quando vier o reajuste do salário mínimo, em torno de mais alguns gastos, de [déficit de] R$ 120 bilhões", afirmou a ministra.

Como mostrou a Folha, antes da decisão de tirar das estimativas o gasto adicional com o salário mínimo, as projeções internas do governo indicavam um rombo maior, próximo dos R$ 120 bilhões —justamente o número citado por Tebet.

A avaliação da ministra também se mostra mais pessimista do que as declarações do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. 

Em entrevista ao jornal O Globo, Ceron disse que o resultado final das contas pode exibir um rombo até R$ 40 bilhões menor que o projetado nesta quarta-feira (22).

"Acredito que é crível pensar em redução de mais de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões em relação a essa primeira avaliação", disse ao jornal.



FOLHA DE SÃO PAULO
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