Recuo do dólar não afeta preços
de passagens aéreas, diz Azul.
A Azul não vê redução nos preços
das passagens aéreas com a queda recente do dólar frente ao real, afirmou Abhi
Manoj Shah, diretor de receitas da companhia aérea, nesta segunda-feira (15),
citando o ambiente atual da indústria de aviação com capacidade "muito
disciplinada"
"Se a capacidade continuar
disciplinada, isso (queda do dólar) não deve afetar preços", disse o
executivo em teleconferência sobre o balanço do primeiro trimestre,
acrescentando que não enxerga "muita capacidade chegando" ao mercado.
Em 2023, o dólar acumula uma
queda de 6,74% frente ao real, considerando a cotação do fechamento de
sexta-feira, de R$ 4,9223 para venda.
O preço médio das passagens da Azul no
primeiro trimestre foi de R$ 590,8, frente a R$ 449,1 no mesmo período de 2022.
A Azul publicou pela manhã uma
redução de 10% no prejuízo líquido ajustado nos primeiros três meses deste ano,
de R$ 727,6 milhões, em comparação a igual etapa do ano passado.
Além disso, a
companhia aérea anunciou projeções, incluindo de aumentar a capacidade em 14%
em 2023, e novos detalhes dos acordos financeiros com arrendadores e
fabricantes.
Às 15h09 (de Brasília), as ações
da Azul caíam 2,88%, a R$ 12,49, enquanto o Ibovespa subia 0,38%.
A Azul divulgou nesta manhã que
conseguiu a eliminação de certas obrigações, que reduzirão os pagamentos de
arrendamentos em R$ 5,4 bilhões a partir do segundo trimestre.
Em troca, a
empresa ofereceu um título de dívida sem garantia com vencimento em 2030 e
cupom de 7,5% ao ano, e um instrumento conversível em ações preferenciais no
valor de R$ 36 por ação.
A diluição decorrente é estimada em 17,5%, segundo a
empresa.
Os arrendadores e fabricantes
poderão converter a dívida em ações entre o segundo semestre de 2024 e o
segundo semestre de 2027.
Se, na ocasião, o preço do papel no mercado estiver
menor do que 36 reais, tornando o movimento não atrativo, a Azul disse que pode
compensar a diferença através de emissão de novas ações, um novo instrumento ou
liquidação em dinheiro.
A companhia também estabeleceu limites de conversão
caso os preços alcancem certos limites de alta.
A expectativa da Azul é fechar
os acordos, que estão sendo firmados individualmente, no fim de junho ou início
de julho, disse o diretor financeiro da empresa, Alexandre Malfitani, a
jornalistas.
Além desse acordo, a Azul mira a
negociação de extensão de dívida com atuais detentores de títulos e,
posteriormente, um aumento de capital, que pode ter o programa de fidelidade
Tudo Azul como garantia, segundo executivos da empresa.
O objetivo do aumento do capital
seria construir um colchão de liquidez, para dar mais proteção e segurança à
companhia evitando necessidade da empresa recorrer a emissão de novas ações,
segundo Malfitani.
Questionado, ele disse que, por
este motivo, o valor a ser levantado depende do custo de capital. "Vamos
ver o quanto estão querendo cobrar por esse capital. Se o capital for barato,
pegamos mais, se for caro, pegamos menos."
REUTERS