A Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas, começa a avaliar a possibilidade de aumentar sua exposição em ativos como renda variável e fundos estruturados. A estratégia, no entanto, ainda não será implementada em 2017, quando o fundo manterá o plano de investimentos inalterado e ainda vê espaço para comprar mais títulos do Tesouro atrelados à inflação, as NTN-B.
Uma estratégia de diversificação, virá "inevitavelmente", segundo o presidente da fundação, Sérgio Wilson Ferraz Fontes, que hoje administra pouco mais de R$ 14 bilhões e conta com 4.400 participantes ativos. O executivo destacou, no entanto, que prevalecerá o perfil conservador. "Fundo de pensão não é algo que possa correr grandes riscos", disse Fontes ao Valor.
Segundo ele, em 2017 o fundo de pensão ainda estará "de freio de mão puxado". O presidente assumiu o cargo em setembro, depois de ter dirigido a fundação entre 2005 e 2009.
"A política de investimentos que acabamos de aprovar é basicamente a mesma coisa [da atual]. Ainda tem espaço para os juros. Estamos pensando [em aumentar a diversificação] em 2018 ou 2019", acrescentou o diretor de investimentos, Eduardo Garcia.
Hoje, a fundação tem cerca de R$ 8,5 bilhões de títulos públicos em carteira. Parte desta posição cresceu no fim de 2014 e ao longo de 2015, quando o fundo comprou R$ 1,5 bilhão desses ativos.
No sentido oposto, a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, revisou recentemente sua política de investimentos e vai diminuir a fatia das aplicações em renda variável para um intervalo de 41,75% a 49,75% até o fim de 2017. A expectativa é fazer uma redução gradual para chegar a 30% até o fim de 2023.
Na Real Grandeza, menor e com maior exposição à renda fixa do que a Previ, o entendimento é que o ciclo de investimentos em títulos públicos se esgotará a partir do próximo ano, com a expectativa de queda de juros. "Isso nos leva de novo a uma estratégia de diversificação, de prospecção de novos produtos, de estudos de novas opções de mercado", enumerou Garcia. Segundo ele, o fundo já tem "tudo preparado para esta nova fase, com ferramentas e processos mapeados".
Nesse cenário, para o diretor, os fundos estruturados voltam a ser uma opção importante para a formação da carteira. Hoje, a fundação participa de seis fundos estruturados, que representam 1,9% do patrimônio do fundo CD (contribuição definida) e 1,5% do BD (benefício definido, já fechado). São três ligados à área de infraestrutura: energia, petróleo e gás e logística portuária, dois ligados a serviços de gestão e um fundo imobiliário.
A fundação também estuda aumentar o percentual da carteira de renda variável e busca aumentar sua exposição à gestão externa. Hoje, a administração dos recursos é feita basicamente internamente.
"A gente usa a gestão externa para formação de benchmark do nosso desempenho, muito menos como sendo uma estratégia central da avaliação. Ainda é uma estratégia periférica, mas importante na formação, no embrião do que pode ser no futuro", afirmou o diretor. A fundação ainda não avançou na escolha de um gestor. O processo, segundo suas regras, pode durar em torno de seis meses.
Na bolsa, vai se manter a estratégia de ter uma carteira líquida. "No passado, tivemos participação em Perdigão, Acesita, GTD. Há algum tempo decidimos sair porque acordos de acionistas te dão uma iliquidez no investimento que não compensa o prêmio que se tem direito por estar no grupo de controle", disse Fontes.
No ano passado, a Fundação Real Grandeza optou por manter suas posições em renda variável, o que ajudou na recuperação do déficit do fundo em 2016.
Em 2016 até outubro, a rentabilidade acumulada era de 28,96% no plano CD e 22,17% no BD, o que ajudou a reduzir o déficit do ano passado em R$ 700 milhões.
O resultado negativo em 2015 chegou a R$ 1,8 bilhão. "A gente recuperou R$ 1,1 bilhão, só com essa rentabilidade aí", disse o executivo. Segundo ele, com esse resultado não serão necessárias contribuições adicionais para equacionamento do fundo. Hoje, em carteira, são cerca de 25 ações, entre elas Raia Drogasil, Vale, Bradesco e Itaú Unibanco.
Valor