Auxílio emergencial e oferta de produtos vão
definir tamanho da inflação, dizem economistas.
Se
governo tiver compromisso com ajuste fiscal, alta do dólar e dos preços podem
ser contidos.
O Brasil vive hoje um movimento generalizado de alta de preços de alimentos e
insumos para diversos setores que poderá ser contido caso sejam
resolvidas três questões que pressionam a inflação: a falta de alguns produtos,
as medidas de estímulo adotadas durante a pandemia e a taxa de câmbio.
Na avaliação de economistas, a inflação deve ficar
em torno de 3% neste e no próximo ano, abaixo do centro da meta fixada pelo
governo de, respectivamente, 4% e 3,75%.
Para que isso ocorra, contam com o fim do
desequilíbrio entre oferta e demanda de produtos que afeta empresas em vários
países.
Também esperam que governo federal e Congresso mantenham o compromisso
de preservar o teto de gastos e retomar o ajuste fiscal em 2021, o que ajudaria
a derrubar a taxa de câmbio que também tem encarecido produtos importados e
exportados pelo Brasil.
Na semana passada, o IBGE divulgou o IPCA-15, indicador que funciona como uma
espécie de prévia do índice oficial de inflação, e que registrou em setembro
sua maior alta desde 2012, de 0,45%, acima das estimativas do mercado.
Enquanto o índice, que é uma média e representa uma cesta de
consumo, sobe 2,65% em 12 meses, o preço de alguns alimentos acumula alta superior a 30%.
O IGP-M, índice de
preços no qual pesam mais os preços ao produtor, acumula alta de 18%. O grupo
matérias-primas brutas subiu 57% no período.
Nas últimas quatro semanas, a projeção de IPCA para 2020 passou
de 2,05% para 2,99%, acima do piso da meta de inflação (2,5%), mas ainda abaixo
do objetivo central (4%), segundo o boletim Focus do BC.
Para 2021, subiu de
3,01% para 3,10% em 2021, para uma meta de 3,75% (piso de 2,25%).
Apesar
da inflação abaixo da meta, a estimativa para a taxa básica de juros passou de
2,5% para 2,75% no período.
Para 2022, a meta é de 3,5%, mesmo valor da
projeção dos analistas consultados, com uma Selic de 4,5%.
FOLHA DE SÃO PAULO