'Efeito sanfona' na pandemia frustra planejamento
das empresas na retomada.
Após mergulho com
Covid-19, atividade volta a nível pré-crise, mas dados preliminares já mostram
nova retração.
Os resultados dos
setores de comércio e serviços em janeiro e fevereiro completaram um ano de
pandemia na economia surpreendendo positivamente a maior parte dos economistas.
As expectativas para os meses seguintes, no entanto, são de nova piora, reflexo
do agravamento da crise sanitária, provocando um "efeito-sanfona"
capaz de frear a retomada.
Essa dinâmica de
retomada econômica seguida por novos períodos de fechamento e queda na
atividade tem dificultado o planejamento das empresas, que operam em compasso
de espera.
Dado o nível atual
de incertezas, as projeções do mercado para o desempenho do PIB (Produto
Interno Bruto) no primeiro trimestre têm variado entre uma queda de 0,5% e um
crescimento da mesma magnitude.
Nesta quinta (15),
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o setor de serviços cresceu 3,7% em
fevereiro, mais que o dobro do projetado pelo mercado.
Com isso, o setor voltou
ao nível pré-crise, que já havia sido alcançado pelo comércio e pela indústria
em setembro do ano passado.
A recuperação, no
entanto, é desigual, e já se espera nova retração. A projeção da XP, por
exemplo, é de queda de 4,2% no resultado dos serviços em março.
Pesquisa DATAFOLHA
- 44% das micro e pequenas indústrias de São Paulo relataram ter perdido
fornecedores durante a pandemia por falência ou recuperação judicial. Outros
60% disseram ter pedido clientes pelo mesmo motivo.
Em fevereiro, o
IBGE registrou retração na atividade industrial em 10 dos 15 locais
pesquisados. O resultado negativo foi puxado por São Paulo. O presidente do
Simpi diz que, desde então, a situação piorou.
As expectativas dos
empresários em relação aos próximos meses também caíram em março. De 46% que
esperavam melhora em fevereiro, o percentual ficou em 23% no mês seguinte.
Quase a metade dos entrevistados (47%) avalia que a situação econômica ainda
vai piorar, enquanto para outros 74% o ritmo de vacinação ainda é muito lento
FOLHA DE SÃO PAULO