Mesmo
antes da reforma da previdência, os investidores intensificaram as aplicações
nos fundos de previdência complementar, que bateram recorde pelo segundo ano
consecutivo. No ano até novembro, a captação líquida (aporte menos resgate)
está positiva em R$ 38 bilhões, montante 17,6% superior ao registrado em igual
período de 2015, segundo dado da Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Na
avaliação de Carlos Ambrósio, vice-presidente da Anbima, essa evolução é
justificada pela maior percepção do investidor de que não é possível contar
apenas com a previdência pública no momento de sua aposentadoria. O patrimônio
total dos fundos de previdência era de R$ 596,9 bilhões em novembro.
— Esse
aumento mostra percepção cada vez maior de que é necessário fazer uma poupança
de longo prazo. O investidor tem a consciência de que só a previdência pública
não será suficiente — afirmou durante evento nesta quarta-feira.
Na
avaliação do executivo, essa busca por uma previdência privada como um
complemento ao sistema público foi vista em outros países, como Chile e México.
—
Independente da proposta de reforma da previdência, isso é uma tendência e não
só no Brasil. O trabalhador entende que não pode contar só com o sistema
público.
A Anbima
prepara um pleito ao governo que tem como objetivo incentivar a previdência
complementar em um ambiente de possíveis mudanças no sistema público, mas as
propostas não foram divulgadas. No entanto, Ambrósio explicou que embora um
incentivo fiscal seja importante, não há ambiente para isso.
Já a
indústria total de fundos totaliza um patrimônio de R$ 3,4 trilhões. Além da
categoria de carteiras de previdência, os fundos de renda fixa também tiveram
uma captação expressiva no ano, de R$ 39,2 bilhões, revertendo a saída de R$ 5,
2 bilhões no ano passado.
— O
cenário conturbado político e econômico e a alta taxa de juros geram uma
demanda por produtos mais conservadores — explicou Ambrósio.
A categoria de renda fixa é a mais expressiva dentro
da indústria de fundos, com um patrimônio de R$ 1,64 trilhão.
O Globo