'Se nada for feito, é grande a chance de termos
apagões', diz Kelman.
Ex-gestor das
agências responsáveis por fiscalizar os setores de energia e água diz que
governo precisa de maior governança para enfrentar a crise.
Líder da equipe que
investigou as causas do racionamento de energia de 2001, o
engenheiro e hidrólogo Jerson Kelman diz que o país vive situação "menos aflitiva" hoje, mas precisa tomar
medidas para evitar apagões em horários de maior demanda no fim do ano.
"Se nada for
feito, a chance é grande de que lá para outubro e novembro a gente possa ter
desligamentos no horário de pico", afirma, descartando, porém, a
possibilidade de um novo programa de racionamento.
Ele diz que as
soluções são simples, mas dependem de uma maior orquestração entre as diversas
esferas do Executivo relacionadas ao setor, como ocorreu em 2001, para garantir
a tomada de decisões sem questionamentos posteriores.
O que pode ser feito?
Primeiro,
temos que parar de soltar água. Os peixes têm que ser protegidos de outra
maneira.
Podemos usar o exemplo da Califórnia, que criou uma força tarefa para
salvar os peixes e estão usando caminhões [para transportar para áreas com mais
água].
Não é ficar olhando o peixe morrer, é fazer alguma coisa. No nosso caso,
podemos fazer algumas obras para deslocar os peixes.
O governo, corretamente, já mandou acionar todas as térmicas,
inclusive aquelas que não estavam na lista do ONS [Operador Nacional do Sistema
Elétrico].
Outra coisa é verificar algum tipo de rearranjo da demanda. Não é
diminuir a energia total que se consome no mês, como em 2001, mas distribuir
durante o dia para evitar o pico.
FOLHA DE SÃO PAULO