Turbilhão do bitcoin vaza para mercados financeiros
tradicionais.
Índice
de ações dos EUA e futuros de petróleo recuam com queda de criptomoedas nesta
semana.
Uma grande queda e recuperação dos preços das criptomoedas nesta semana teve
consequências nas classes de ativos tradicionais, potencialmente
oferecendo um teste do que poderia acontecer no caso de um abalo mais severo.
Alguns títulos do governo subiram de preço na
quarta-feira (19), enquanto os futuros no índice de valores S&P 500
referência nos Estados Unidos caíram e o petróleo também recuou depois que o
preço do bitcoin despencou 30%, devido a sinais
de que a China estava preparando um ataque às moedas digitais.
O iene japonês
—que costuma ter demanda em tempos de estresse— também subiu.
Horas depois, a bitcoin se recuperou acentuadamente. Mas foi
incomum que o alvoroço chamasse a atenção dos participantes do mercado da
corrente dominante.
"O catalisador desses movimentos parece ter sido uma súbita
desvalorização da bitcoin", escreveram Richard McGuire e Lyn
Graham-Taylor, analistas do Rabobank, em sua nota habitual no dia seguinte.
Na tarde de sexta-feira (21), as criptomoedas
caíram acentuadamente depois que o vice-premiê da China, Liu He, reafirmou a
determinação de Pequim de conter a mineração e negociação de criptomoedas.
A notícia derrubou 12% do valor da bitcoin, 20% da
ethereum e 18% da dogecoin. A liquidação parece ter vazado para o mercado
americano, onde a bolsa tecnológica Nasdaq caiu na última hora do pregão.
Uma teoria é que se os preços da bitcoin caírem em
parafuso poderia ser um golpe significativo para as finanças de investidores no
varejo, desgastando a narrativa de que o consumidor animado pode continuar
sustentando os mercados de ações.
Além disso, alguns fundos e escritórios familiares
colocaram dinheiro em criptomoedas, provocando um surto de interesse
entre bancos de investimento que buscam facilitar a demanda.
Nas margens, uma
grande queda das criptomoedas também poderia prejudicar o apetite do mercado
por apostas arriscadas.
O contraponto é que o boom de negócios com
criptomoedas coincidiu com uma queda nos volumes em plataformas de corretagem
de ações preferidas por day traders que gostam de arriscar.
Qualquer queda grande e sustentada das criptos
poderia portanto ser um gatilho para recuperação em partes mais arriscadas do
mercado de ações caso esses investidores varejistas retornassem às ações.
FOLHA DE SÃO PAULO