Aplicativos brasileiros tiram nota baixa em
condições de trabalho, diz estudo.
Uber, 99, Ifood,
Rappi e Get Ninjas foram avaliados por projeto de Oxford.
Um estudo
coordenado pelo Oxford Internet Institute e pelo WZB Berlin Social Science
Centre, realizado em 27 países, apontou que plataformas digitais brasileiras
como Uber, 99, iFood, Rappi e Get Ninjas não
oferecem padrões considerados mínimos de trabalho decente.
Segundo o
relatório, obtido pela BBC News Brasil, nenhuma plataforma brasileira obteve
mais de dois pontos, em um máximo de dez, em avaliação baseada em cinco
princípios de trabalho justo —remuneração, condições de
trabalho, contratos, gestão e representação justos.
iFood e 99 obtiveram apenas dois pontos
cada, enquanto a Uber recebeu um ponto. Rappi, Get Ninjas e Uber Eats ficaram
com zero na classificação —apesar de constar do estudo, realizado em 2021, o serviço
de entrega de alimentos da Uber encerrou suas atividades no Brasil em março
deste ano.
Segundo os pesquisadores do projeto Fairwork, o resultado
brasileiro é semelhante ao de outros países da América Latina, como Chile e Equador, mas pior do que o de
continentes como África, Ásia e Europa, onde há plataformas com notas altas,
como sete ou oito pontos, do total de dez.
Trabalho decente
Trabalho decente é
um termo cunhado em 1999 pela OIT (Organização Internacional do
Trabalho) e faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda
20130 da Onu (Organização das Nações Unidas).
"A ideia de
trabalho decente é pensar não só na quantidade de empregados e desempregados,
mas a qualidade desse trabalho", explica Rafael Grohmann, professor da
Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) e um dos autores do estudo no
Brasil.
"Entendemos
que o futuro do trabalho tem de ser de trabalho digno, com menos precariedade e
não somente de subempregos.
Nosso objetivo é mostrar que empregos melhores e
mais justos são possíveis na economia de plataformas", acrescenta o
pesquisador.
O projeto Fairwork
foi fundado na universidade de Oxford, no Reino Unido, em 2018. No Brasil, além
da Unisinos, participam da iniciativa a USP (Universidade de São Paulo), UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro), UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UTFPR
(Universidade Tecnológica Federal do Paraná).
BBC NEWS BRASIL