- Reacende discussão sobre papel do Estado na
economia
Surto mostra que polarização política
leva à errônea demonização do setor público, dizem economistas.
A
necessidade de adotar medidas para combater os efeitos do coronavírus na
economia e a possibilidade de o Brasil caminhar para o quarto ano seguido de baixo crescimento reacenderam o debate sobre o
papel do setor público, com questionamentos sobre o plano da equipe econômica
de reduzir cada vez mais o papel do Estado.
Economistas
ouvidos pela Folha, incluindo alguns que se declaram liberais e outros que se
consideram desenvolvimentistas, afirmam que é necessário reforçar a ação do
setor público neste momento. Mas há divergências sobre como isso deve ser
feito.
A
necessidade de aumentar os gastos em saúde e garantir recursos para evitar a
quebra de empresas é unânime. O aumento de investimentos públicos divide os
especialistas.
- Corretoras ficam instáveis por excesso de
acessos com volatilidade do mercado
CVM alerta para que casas de
investimento elaborem planos contra riscos causados pelo coronavírus na
economia.
As
incertezas acerca do coronavírus e a consequente aversão ao risco elevaram as
transações de compra e venda na Bolsa de Valores brasileira na última semana.
Com
o volume de negociações, corretoras foram
sobrecarregadas pelo excesso de acessos voltados ao mercado acionário e
surgiram relatos de instabilidade nos home brokers das casas de investimento.
O problema, segundo especialistas, pode estar atrelado à concorrência entre
corretoras, situação que tem provocado preços mais baixos e serviços que podem
não ter acompanhado a alta no número de clientes.
Segundo
uma fonte do mercado que preferiu não se identificar, a partir do momento em
que a proposta de valor está baseada somente em preço, é preciso reduzir os
níveis de serviços e de investimento para que uma margem de lucro seja
possível.
Isso também implica reduzir o capital para o funcionamento da plataforma —o que
explicaria parte das instabilidades em dias de grandes volumes movimentados.
Mesmo com a forte recuperação na sexta (13), a semana passada foi, para a Bolsa
brasileira, a pior registrada desde a crise financeira de 2008. A
desvalorização do Ibovespa chegou a 15,63% no período.
Dados
da Economatica apontam que as 285 empresas listadas perderam R$ 593 bilhões no
período.
- Empresas de telecom terão de flexibilizar
prazo a inadimplentes afetados por coronavírus
Segundo a Anatel, áreas que sofrerem
restrição de deslocamento terão prazo ampliado.
Para
lidar com a crise do coronavírus, a Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) vai enviar um comunicado ao setor para avisar que, caso
algumas áreas do país venham a sofrer restrições de deslocamentos, as empresas
terão de flexibilizar os prazos de pagamento para consumidores inadimplentes
nestes locais.
Os
prazos ainda serão definidos em reunião remota do setor com a agência no começo
desta semana.
O
comunicado, que será enviado às empresas neste domingo (15), também determina
outras medidas como a ampliação de acesso a não assinantes, com liberação de
redes wi-fi em alguns locais públicos, e aumento da velocidade de conexão nos
acessos fixos à banda larga, além de campanhas publicitárias e plano de ação
para garantir estabilidade técnica do sistema neste momento de explosão do uso
do home office em muitos setores
- Lojistas divergem sobre movimento em shoppings
após coronavírus
Uma das associações de lojas de shoppings diz que fluxo caiu
até 60%.
A
guerra entre as associações de lojistas Alshop e Ablos sobre qual foi o verdadeiro
desempenho das vendas no Natal deve ganhar uma nova edição com o coronavírus.
Na
sexta-feira (13), a Alshop divulgou comunicado dizendo que seus associados não
haviam registrado queda no movimento dos clientes e por isso manteriam o
horário de funcionamento normal. A Ablos, porém, diz que o fluxo caiu entre 20%
e 30% na quinta e na sexta. No sábado, a estimativa de queda foi de 50% a 60%
- Trabalho
remoto por causa do coronavírus levanta dúvidas trabalhistas
Empresários consideram difícil
controlar produtividade e horas trabalhadas.
Diretores de grandes empresas
fizeram plantão neste final de semana com suas áreas de recursos humanos para
discutir os efeitos do trabalho remoto. Além da segurança de dados,
a preocupação é como adaptar o controle de horários e produtividade em uma
rotina que jamais foi testada em tão grande escala.
O presidente de uma grande
multinacional avalia que, em caso de reclamação trabalhista futura por excesso
de horas, as empresas terão a atividade do funcionário registrada no acesso
remoto aos seus sistemas. Um outro empresário considera impossível controlar as
pausas de seus colaboradores durante o expediente em casa
Luigi Nese, da CNS (entidade de
serviços), sugere que o governo faça algum tipo de flexibilização trabalhista
temporária, por decreto ou medida provisória, para lidar com o excesso de home
office durante a crise do coronavírus. “Nos financiamentos estão
querendo facilitar através da Caixa, mas na área trabalhista o governo precisa
mexer”, diz
- American Airlines suspende voos para o Brasil
devido à pandemia do coronavírus
A companhia aérea cortou 75% de suas
rotas internacionais.
Após
o presidente Donald Trump proibir a entrada de europeus no país, a American
Airlines anunciou que vai cortar 75% dos seus voos internacionais, incluindo as
rotas entre Brasil e Estados Unidos.
O
anúncio da companhia ocorre em meio ao maior apagão aéreo da história, provocado pela crise do
coronavírus. Nas próximas quatro semanas, 6.747 voos e cerca de 2 milhões de
assentos devem ser afetados, segundo a consultoria britânica OAG .
A
suspensão da American Airlines atinge os aeroportos de Brasília, Guarulhos,
Manaus e Galeão e está prevista para durar até maio. Entre as rotas cortadas
estão as de Miami e Nova York para Rio de Janeiro e São Paulo.
Em
pronunciamento na noite de quarta-feira (11), Trump afirmou que iria suspender
por 30 dias, a partir da sexta-feira, as viagens com destino aos Estados Unidos
que partam da zona Schengen (que reúne 26 países europeus) como medida contra a
pandemia do coronavírus.
No sábado (14), o governo americano acrescentou o
Reino Unido e a Irlanda na lista de suspensão de voos.
Com
essas restrições, empresas de aviação britânicas pediram ajuda ao governo para sobreviver à
crise.
FOLHA DE SÃO PAULO