A Câmara Municipal de São
Paulo já discute um projeto de lei que propõe uma ampla reforma no sistema
previdenciário da Prefeitura. Elaborada ainda durante a gestão Fernando Haddad
(PT), mas considerada importante também pela atual, a proposta estabelece um
valor máximo para o pagamento de aposentadorias aos servidores públicos
municipais e um plano de previdência privada como condição para a concessão do
benefício no valor integral do salário.
A medida visa a reduzir o
déficit do Instituto de Previdência Municipal de São Paulo (Iprem), que
arrecada cerca da metade do que gasta. A diferença, que precisa ser suplementada
pelo Tesouro Municipal todos os anos, passa hoje de R$ 3,5 bilhões, valor
semelhante ao que o Município tem para fazer investimentos na cidade, como
construir creches, hospitais ou recapear ruas e avenidas.
Com a decisão do
presidente Michel Temer, de retirar servidores estaduais e municipais da
proposta que muda as regras da aposentadoria em todo o País, caberá aos Estados
e municípios definir suas próprias reformas. Ontem, o prefeito João Doria
(PSDB) afirmou que determinou a criação de um grupo de trabalho para estudar o
impacto da decisão e demonstrou preocupação com o assunto. “É uma surpresa
evidentemente”, disse o prefeito. “Eu apoio a reforma previdenciária. Mas
entrega para os municípios e os Estados um grande problema. Agora nós temos que
nos organizar. Vamos analisar quais são as consequências e a profundidade disso
e definir a nossa reação, o que vamos fazer”, completou.
A intenção da base aliada
era apenas tratar desse assunto após a concretização da reforma previdenciária
federal. Nesta quarta-feira, 22, porém, o tema já foi abordado pelos
parlamentares.
A justificativa da reforma
é preservar as contas públicas. A capital ganha cerca de 6 mil novos
aposentados por ano e uma estimativa oficial do Iprem diz que o déficit na
Previdência vai crescer, em média, R$ 358 milhões por ano até 2020. Uma
projeção feita pela Caixa Econômica Federal em 2013 apontou que, se o sistema
não mudar, em 75 anos o déficit acumulado será de R$ 84,5 bilhões - quase duas
vezes a soma de toda a arrecadação anual do Município.
Aderindo ao plano, as
normas mudam: além da parcela de 11% do contribuinte e de 22% da Prefeitura,
com base agora no teto no INSS, o servidor precisaria dar uma porcentagem
extra, sobre o valor excedente ao teto e a Prefeitura complementar com um
limite de 8,5% da parcela acima do limite.
Para alcançar o objetivo, o Iprem calcula que 45% dos servidores de São
Paulo teriam de optar pelo plano privado complementar. A gestão do fundo seria
feita pelo setor privado, contratado por licitação pública.
O Estado de Minas