Mudança na Lei das Estatais reduz valor das
companhias, dizem especialistas.
Tentativa de
flexibilizar restrições a políticos une aliados de Bolsonaro e Lula.
A Lei de Responsabilidade das Empresas Estatais,
sancionada em 2016 e alterada na noite desta terça (13) a toque de caixa pela
Câmara, melhorou a gestão das empresas públicas e resultou em mais
valor tanto para seus acionistas como para a sociedade brasileira, segundo
avaliação de especialistas na área.
Uma flexibilização
das regras que restringem a nomeação de políticos para cargos nos conselhos e
na diretoria dessas empresas é uma demanda antiga do Legislativo.
O tema ganhou
força neste ano, unindo aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A Lei de
Responsabilidade das Estatais (13.303/2016) foi sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB),
como resposta a uma série de investigações que apontaram uso político das
empresas em administrações anteriores.
O objetivo era fortalecer a governança
das estatais e blindá-las contra ingerência política.
Uma eventual
flexibilização da Lei das Estatais poderia colocar em xeque a ambição do Brasil
de ingressar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico).
Em relatório
publicado no fim de 2020, o grupo de países ricos reconheceu que os conselhos
das estatais se tornaram mais independentes de interferências em função da Lei
das Estatais.
A OCDE ainda
recomendou ao Brasil ir além das conquistas já alcançadas, estendendo os
requisitos e vedações para todos os comitês do conselho de administração e para
o conselho fiscal.
FOLHA DE SÃO PAULO