Epidemia acelera automatização, mas país perde
incentivos para tecnologia.
Crise ameaça
pesquisa e desenvolvimento; indústrias que já eram inovadoras antes avançam em
2020.
As empresas
industriais que mais inovavam foram aquelas que outra vez mais inovaram no
primeiro ano da epidemia, mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria
(CNI).
Essas empresas tiveram lucros ligeiramente melhores, empregaram mais
gente e ficaram ainda mais à frente em um panorama árido de inovação.
As dificuldades
impostas por distanciamento social e restrições de circulação aceleraram a
adoção de tecnologias que já estavam nos planos ou eram tendência, em
particular de softwares de automatização de processos (administrativos,
produtivos ou até de marketing).
Mas é cedo para saber de rupturas ou mudanças
de rota, se houve, dizem empresários e economistas.
Até mesmo uma
especulação muito ruidosa sobre a mudança na organização dos locais do
trabalho, estimulada pela disseminação emergencial do teletrabalho é motivo de
grande dúvida.
Menos incerto é o
impacto que a crise econômica causada pela epidemia terá sobre o financiamento
público da pesquisa científica e do desenvolvimento tecnológico (P&D).
A
política federal de contenção de despesas tira recursos diretos desse setor. A
mudança constitucional que em tese obriga o governo a reduzir isenções para
quem investe em inovação tecnológica pode ser outro baque.
Trata-se de uma das
determinações da PEC Emergencial, emenda que autorizou gasto
extra em auxílio e estipula contenção de despesas com servidores, por exemplo.
Entre outras
mudanças, a PEC obriga o presidente a enviar ao Congresso daqui a seis meses um
plano de redução de gastos tributários, que deveriam cair do equivalente a
cerca de 4% para 2% do PIB em oito anos. Muitos desses benefícios tributários
são incentivos à inovação tecnológica.
O ‘‘home office’’ afetou psicologicamente os funcionários,
a ponto de precisarem de tratamento, diz Cardoso, o presidente da CBRE.
‘‘Prejudica o treinamento. Acho que haverá soluções híbridas, e foram
desenvolvidos meios para utilizar esse método.
Mas tem muitos efeitos
colaterais. Então, volta-se a debater a necessidade de um novo tipo de espaço
de escritório. As grandes empresas retomaram o planejamento da mudança”.
Sobre o impacto da
mudança em inovação em geral, Cardoso acredita também que as empresas
aceleraram a adoção de softwares para melhorar processos, serviços para
clientes, marketing e presença em redes sociais.
FOLHA DE SÃO PAULO