A Reforma
da Previdência não para de ser questionada. Depois de ser interpelada por 28
parlamentares no Superior Tribunal Federal (STF), uma Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) pode ser instalada para investigar a real situação da
Previdência Social no país.
Ao longo
da semana o senador Paulo Paim (PT-RS) conseguiu duas assinaturas a mais que as
27 necessárias, inclusive do PMDB, que faz parte da base aliada do governo,
para dar entrada no pedido de CPI na Casa.
A ideia é
apurar desvios de verbas, fraudes, sonegações e outros tipos de irregularidades
nos benefícios do INSS. “O governo diz que a Previdência é deficitária, mas nós
dizemos que é superavitária. Queremos, então, tirar a prova e saber quem são os
maiores devedores, além de entender como é a história das fraudes, sonegações e
anistias”, argumenta Paim.
Com a
adesão de membros da base aliada, o jogo de forças entre governo e oposição em
torno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287, que trata da Reforma da
Previdência, deve se intensificar logo após o Carnaval, quando o senador
informou que fará o pedido formal de instalação da CPI da Previdência ao
presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
“O
governo está fazendo terrorismo, inclusive ameaçando senadores para que eles
retirem o nome, mas quem não deve não teme. Quem tem medo de uma
investigação?”, questionou. O senador contou ao DIA que ele mesmo tem
sofrido pressão por parte do governo para que não dê seguimento à criação da
CPI.
Para
evitar que o Planalto consiga fazer com que algum senador retire a assinatura
do documento e frustre a proposta da CPI, Paim disse que pretende angariar um
número maior de assinaturas, na tentativa de chegar a 54 senadores, cerca de
dois terços da Casa, além de apoio popular. Uma petição pública online que
defende a criação da CPI já conta com mais de 7 mil apoiadores.
Tramitação
Com
duração de 120 dias, a CPI terá poderes de investigação próprios de autoridades
judiciais. A comissão poderá convocar pessoas para depor, ouvir testemunhas, requisitar
documentos e determinar diligências, entre outras medidas.
A
articulação surge no contexto de tramitação da PEC 287, que impõe regras mais
rígidas para que o trabalhador acesse os benefícios previdenciários, como idade
mínima de 65 anos para homens e mulheres darem entrada no benefício no INSS,
mecanismos diferentes de cálculo do benefício e fim da cumulatividade de pensão
com aposentadoria, entre outros pontos.
A medida tem recebido fortes críticas de parlamentares
da oposição e até membros da base aliada do governo, que se queixam do caráter
austero da proposta.
O DIA