Bolsonaro assina medidas para corte de jornada e
salários e flexibilização trabalhista
Programas
adotados no ano passado são relançados por agravamento da pandemia
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou
as medidas provisórias para que regras trabalhistas sejam flexibilizadas novamente
diante do agravamento da pandemia.
Com isso, será recriado o programa que
permite o corte de jornada e salários de trabalhadores da iniciativa privada,
além da suspensão temporária de contratos.
O governo prevê o pagamento de um benefício
temporário durante o período de perda de renda do trabalhador, o que pode durar
quatro meses.
O BEm (benefício emergencial) será
calculado com base no valor do seguro-desemprego e no percentual do corte de
jornada no trabalhador.
O teto do auxílio, portanto, seria pago em caso de suspensão
de contrato e seria no valor do seguro-desemprego, que atualmente pode chegar a
R$1.911,84.
Para bancar esse programa, Bolsonaro autorizou uma
verba de R$ 9,98 bilhões.
Os recursos serão contabilizados fora do teto de
gastos –regra que impede o crescimento das despesas públicas.
A medida chegou a ser prometida para março, mas
atrasou por causa de impasses orçamentários.
Diante do agravamento da crise,
congressistas e empresários pressionavam pela nova rodada do programa.
Para reduzir a jornada e o salário em 25%, 50% ou 75%, a empresa precisará
negociar com os empregados ou com o sindicato. O mesmo vale para a suspensão
temporária do contrato de trabalho.
O acordo individual –direto entre a empresa e o
empregado– vale para trabalhadores que ganham até três salários mínimos (R$
3.300) por mês em todas as situações: redução de jornada e suspensão de
contrato.
COMO SÃO OS PROGRAMAS
Flexibilização temporária de normas
- Adiamento do pagamento do FGTS do
trabalhador por até quatro meses
- Antecipação de férias
- Flexibilização para decretar férias coletivas
- Antecipação de feriados
- Flexibilização de regras para alterar regime de trabalho para home office
- Regime especial de compensação de banco de horas
Benefício Emergencial (BEm)
Programa emergencial que autoriza suspensão de contrato e redução de jornada e
salário de trabalhadores, com compensação a ser paga pelo governo às pessoas
afetadas
- Patrão e empregado deverão negociar acordo
- Medida pode valer por até quatro meses. Nesse período, trabalhador recebe
compensação pela perda de renda
- Cálculo depende do percentual do corte de jornada e valor que trabalhador tem
direito atualmente com o seguro-desemprego
- Se o corte de
jornada for de 50%, a compensação será metade da parcela de seguro-desemprego
que o trabalhador teria direito se fosse demitido. Gastos devem ser de R$ 10
bilhões
FOLHA DE SÃO PAULO