Com uma rentabilidade
acumulada de 3,56% no encerramento do primeiro trimestre deste ano, acima
portanto da variação da TJP (Taxa de Juros Padrão), que ficou em 2,62% no
período, a carteira consolidada de investimentos das Entidades Fechadas de
Previdência Complementar reflete em 2017 a estratégia bem sucedida das
políticas de investimentos para explorar os movimentos dos mercados. Os
dados integram o Consolidado Estatístico do mês de março, elaborado pelo Núcleo
Técnico da Abrapp e agora divulgado.
Ainda que o mês de março
não tenha sido tão favorável, já que a rentabilidade da carteira no mês ficou
em 0,52%, contra uma TJP de 0,86%, foi possível manter o resultado acumulado
positivo.
Ao final do trimestre, os
ativos totais das entidades somaram R$ 811 bilhões, passando a representar o
equivalente a 12,9% do PIB nacional, relação que registrou aumento de 0,3 ponto
percentual diante do encerramento do ano anterior. “Esses resultados mostram
que o sistema de previdência complementar fechada reage depois de ter vivido
alguns anos desafiadores, havendo um grande número de planos de benefícios
superavitários”, observa o presidente da Abrapp, Luís Ricardo Marcondes
Martins.
Até março, já eram 485
planos que registravam superávits em seus resultados, número expressivamente
superior aos 438 planos superavitários no final de 2016. Ao mesmo tempo, o
número de planos em situação deficitária recuou de 205 para 194.
No mesmo período, o
superávit total do sistema subiu de R$ 18,2 bilhões para R$ 20,8 bilhões,
enquanto o déficit recuou de R$ 71,7 bilhões para R$ 68,5 bilhões. Desse
déficit, 88% estão concentrados em apenas dez planos de benefícios. Ao todo,
havia em março 143 EFPCs superavitárias (contra 138 no final do ano passado) e
81 que ainda apresentavam déficits (eram 80 em 2016).
Retorno e risco - “Assistimos a uma
recuperação das entidades, fruto de sua reação à melhora do cenário de
investimentos que vinha ocorrendo desde 2016”, afirma Luís Ricardo. Ele
ressalta que foi feito, inclusive, um claro movimento no sentido de buscar mais
risco e alocar mais em segmentos fora da renda fixa tradicional para obter
melhor rentabilidade, diante da perspectiva de redução continuada das taxas de
juros.
A partir da crise que
afeta os mercados financeiros desde o dia 17 de maio, entretanto, por conta de
questões ligadas ao ambiente político do País, as estratégias de
investimento das EFPCs deverão manter cautela e atenção integral aos cenários
antes de tomar qualquer decisão que envolva maior tomada de risco, observa
Martins.
Solvência e pagamento de
benefícios
- Entre os fatores positivos que contribuíram para o aumento dos resultados
positivos até março está ainda a mudança nas regras de solvência do sistema,
ressalta o presidente. Isso conferiu às entidades condições de esperar pelo
retorno mais adequado dos investimentos, seguindo critérios mais justos de
equacionamento de déficits, agora alinhados à duração de seus passivos.
Outro dado essencial a ser levado em conta é o nível de solvência das
EFPCs brasileiras, que estava em 90% no final do ano passado. “Esse é um
percentual alinhado aos melhores padrões internacionais e superior ao de países
como EUA, Canadá, Alemanha, Suíça e outros, mostrando uma relação saudável
entre ativos de investimentos e obrigações dos planos de benefícios”, diz
Martins. O sistema tem obtido historicamente retornos acima da variação do CDI
numa perspectiva de longo prazo, ou seja, ele cumpre sua finalidade e consegue
pagar benefícios que atualmente superam os R$ 42 bilhões.
Diário dos Fundos de Pensão