Selic a 15% derruba a concessão de financiamentos
imobiliários, aponta Abecip.
Número de unidades
financiadas caiu 11%, enquanto valorização dos imóveis supera inflação pelo
sexto ano consecutivo
A manutenção da taxa básica de juros em dois dígitos continua sendo um
dos principais freios para a expansão do crédito habitacional no Brasil.
De
acordo com dados divulgados nesta terça-feira (29) pela Abecip (Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o primeiro semestre de 2025 fechou
com R$ 140,4 bilhões em novos contratos, uma queda de 3% em relação ao mesmo
período do ano anterior.
Em termos de volume, foram financiadas 496,1 mil
unidades habitacionais no primeiro semestre de 2025, uma queda de 11% em
relação às 559 mil contratadas no mesmo período do ano anterior.
Segundo Sandro Gamba, presidente da Abecip, o recuo
reflete não apenas o encarecimento do crédito, mas também a maior seletividade
dos bancos e a limitação de recursos disponíveis para financiamento,
especialmente via SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), por causa
da Selic elevada.
A queda atingiu tanto imóveis novos quanto usados,
com impacto mais forte nas unidades financiadas para construção, em um cenário
de juros altos e menor apetite por lançamentos.
O rigor na concessão de financiamentos pelos
bancos se reflete na baixa inadimplência do período. A taxa é a mais baixa da
série histórica, segundo Gamba.
O SBPE —usado na aquisição de imóveis acima de R$
350 mil— registrou recuo de 10% nas concessões e respondeu por R$ 73,6 bilhões
do total.
Enquanto os contratos financiados com recursos do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço) registraram aumento de 6% devido ao
programa Minha Casa Minha Vida.
No acumulado de janeiro a junho, a saída líquida da
poupança foi de R$ 38,4 bilhões. "Esse é um reflexo direto da Selic
elevada, que torna aplicações atreladas ao CDI muito mais atrativas do que a
poupança", afirmou o presidente da Abecip.
O levantamento mostra que, apesar dos saques
frequentemente maiores que os depósitos nos últimos anos, seu efeito no saldo
tem sido amortecido pelo crédito de rendimento.
Com isso, o saldo da poupança
SBPE fechou junho em R$ 762,3 bilhões, número apenas 0,03% inferior ao mesmo
mês do ano passado.
FOLHA DE SÃO PAULO