No caso dos investidores, há insatisfação com os termos de troca
entre as ações preferencias e as ordinárias.A assembleia de acionistas da
Vale foi realizada nesta terça-feira, em meio a questionamentos de
minoritários e fundos de pensão. A mineradora convocou assembleia
extraordinária para aprovar seu plano de reestruturação. O objetivo é tornar a
Vale uma empresa sem dono, ou seja, de controle pulverizado, e listá-la no Novo
Mercado, o mais alto índice de governança da B3 (ex-Bovespa) em três anos.
Investidores estrangeiros, bem como diretores e conselheiros dos fundos
contrários à reorganização societária da mineradora, tentavam suspender a assembleia
até ontem.
No caso dos investidores, há insatisfação com os termos de troca
entre as ações preferencias (PN, sem direito a voto) e as ordinárias (ON, com
voto), que impõem deságio de 6% aos preferencialistas. Já os diretores e
conselheiros dos fundos, liderados por integrantes da Funcef (fundo de pensão
dos funcionários da Caixa Econômica Federal) questionam o prêmio aos acionistas
controladores para abrir mão do controle da companhia. Pela proposta que será
votada nesta terça-feira, os controladores terão incremento de até 10% no
volume de ações que detêm hoje.
Atualmente, a Vale é controlada pela holding Valepar, que detém
53,6% das ações com direito a voto da Vale. Integram a Valepar os fundos de
pensão Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef
e Fundação Cesp, reunidos na Litel. Além deles, a BNDESPar, a Bradespar e a
japonesa Mitsui compõem a holding. São todos signitários do acordo de
acionistas da Valepar que vigorou por 20 anos, desde a privatização da Vale em
1997, e que expirou em maio passado, abrindo espaço para um novo desenho
societário da mineradora.
Para viabilizar a reestruturação da Vale, três pontos da pauta da
assembleia são fundamentais. Um deles é a conversão de ações preferenciais
classe A da mineradora em ações ordinárias, na relação de 0,9342 ação ordinária
por cada ação preferencial. O outro é a alteração do estatuto da companhia,
para adequá-lo às regras do Novo Mercado. Por fim, a incorporação da Valepar
pela Vale. Com isso, os atuais acionistas da Valepar passariam a ser acionistas
da Vale diretamente. Para aprovar esses pontos é necessário ter o aval de 50%
mais um voto dos acionistas, considerando os que têm ações preferenciais e os
que têm ações ordinárias.
Época Negócios