Com o
aumento da expectativa de vida, mais brasileiros têm trabalhado durante a fase
de aposentadoria. Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) com pessoas
acima de 60 anos revela que mais de um terço (33,9%) dos já aposentados
continuam exercendo alguma atividade profissional. Ao levar em conta
brasileiros aposentados entre 60 e 70 anos, esse percentual sobe para 42,3%.
Segundo o
levantamento, a maior parcela dos que permanecem na ativa é formada por
profissionais autônomos (17%). Em seguida vêm os trabalhadores informais ou que
fazem bicos (10%) e profissionais liberais (2,1%). A menor fatia corresponde a
pessoas que ainda atuam como funcionários em empresas privadas (1,7%).
A renda
insuficiente para pagar as contas, citada por 46,9% dos entrevistados, é o
principal motivo para não parar de trabalhar. Dois em cada dez (23,2%) idosos mencionam
a decisão como uma maneira de manter a mente ocupada e 18,7% alegam a
necessidade de se sentirem produtivos na sociedade. Há também os que afirmam
não ter interrompido as atividades profissionais (9,1%) para poder ajudar
financeiramente os familiares.
Planejamento
financeiro
Para 42%
dos entrevistados, a renda mensal é uma espécie de "conta certa", ou
seja, os recursos cobrem apenas os gastos mais importantes. Mas para quase um
quarto (23,4%) dos aposentados, os rendimentos não suprem todas as
necessidades, apesar de nove em cada dez (95,7%) contribuírem ativamente para o
sustento financeiro da casa - em mais da metade dos casos (59,7%), os idosos
são os principais responsáveis pela administração financeira do lar.
A falta
de planejamento financeiro ajuda a explicar, segundo o estudo, a proporção de
idosos que sente necessidade de trabalhar mesmo após a aposentadoria. Conforme
o levantamento, 35,1% das pessoas acima de 60 anos chegaram à terceira idade
sem ter traçado uma preparação para essa fase da vida.
Entre os
entrevistados com algum tipo de preparo, as principais ações apontadas foram a
contribuição compulsória à Previdência Social pela empresa em que trabalhavam
(40,8%) e o pagamento do carnê do INSS por conta própria (17,4%). As aplicações
financeiras são mencionadas pela minoria. Apenas 8,4% citam aportes em
previdência privada, por exemplo, enquanto 4,5% dizem ter dinheiro na poupança
e 4,4% mencionam investimento em imóveis.
A
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, lembra que a contribuição
compulsória ao INSS via empresa não pode ser dada como suficiente para
desfrutar de uma aposentadoria tranquila. "Contar somente com a
previdência pública é algo bastante temerário e que deve ser evitado",
afirma, em nota. Conforme a pesquisa, aposentadoria e pensão são a principal
fonte de renda para 74,6% dos entrevistados.
Para o
educador financeiro do órgão, José Vignoli, o aumento da expectativa de vida
dos brasileiros traz uma série de desafios e mudanças nos hábitos financeiros.
"Os tratamentos de saúde são onerosos e costumam crescer com a terceira
idade", destaca. Por isso, diz, é fundamental estar preparado
financeiramente para essa fase.
A
pesquisa entrevistou 619 consumidores acima de 60 anos de ambos os gêneros e
todas as classes sociais nas 27 capitais brasileiras.
UOL