Depois de duas
semanas de negociação, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), apresentou nesta quarta
a minuta da PEC da Transição, que propõe retirar o Bolsa Família do teto de gastos
de forma permanente.
Em números: o texto não apresenta um valor, mas as estimativas da
equipe do presidente eleito Lula (PT) apontam para R$ 175 bilhões para
o programa social – R$ 157 bi para o benefício de R$ 600 e R$ 18 bi do adicional
de R$ 150 por criança.
- Sem o Bolsa Família no teto,
os R$ 105 bilhões já reservados para o programa na
proposta de Orçamento poderão ser redistribuídos a outras ações – que
devem ser definidas na negociação no Congresso.
Incerto: o texto não estipula
um prazo para que o benefício social fique de fora do teto, mas uma ala do
Congresso defende limitar a validade para 2023. De olho em um meio-termo, o PT
admite negociar um prazo de quatro anos.
Outras exceções: a PEC também permite ao governo usar, fora do
teto, recursos de doações para projetos ambientais e
destinar uma parcela das receitas extraordinárias (obtidas, por exemplo, com
bônus de assinatura de leilões de petróleo) para custear investimentos.
A reação do
mercado: antes da apresentação da PEC, os investidores já digeriam os
números. O sentimento apareceu nos indicadores:
- A Bolsa caiu 2,58%,
aos 110.243 pontos, enquanto o dólar subiu 1,52%,
valendo R$ 5,38.
Nos juros futuros, um
bom parâmetro para captar a aversão ao risco dos investidores, o contrato com
vencimento em 2024 avançou de 13,75% para 14,11%,
enquanto o título para 2027 subiu de 12,79% para 13,15%
FOLHA DE SÃO PAULO