Com indenizações
suspensas, DPVAT vira dor de cabeça para governo Lula, que tenta retomar taxa
Ponto
que mais preocupa os motoristas, o valor da futura cobrança não consta do
projeto de lei em tramitação na Câmara
O
pagamento da indenização do DPVAT (Danos Pessoais por Veículos Automotores
Terrestres) para quem sofrer acidentes de trânsito desde 15 de novembro está
suspenso por falta de dinheiro e deve virar uma nova dor de cabeça para o
governo Lula, tanto pelo aspecto político (em razão do desgaste pela recriação
da taxa) quanto pelo aspecto financeiro.
Um
projeto de lei para reestruturar o DPVAT e retomar a cobrança foi enviado pelo
governo em outubro e trancará a pauta de plenário da Câmara dos Deputados a
partir de sexta-feira.
Mas a tendência é que o Congresso saia de recesso, no
dia 22 deste mês, sem votá-lo e só decida depois de fevereiro, afirmou o
relator da proposta, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
“Temos
a medida provisória das subvenções, a reforma tributária, LOA [Lei Orçamentária
Anual], LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias], os vetos presidenciais e apenas
duas semanas para o fim do ano.
Acho muito difícil aprovar o projeto em
dezembro. Provavelmente o seguro vai ficar suspenso por um tempo até
conseguirmos restabelecer a cobrança”, disse o petista.
Zarattini
foi nomeado relator do projeto em 1º de dezembro e protocolou o parecer já no
dia seguinte, recomendando a aprovação integral.
O assunto ainda não entrou em
debate no plenário e o deputado acredita que o projeto deve enfrentar
dificuldades quando essa etapa começar – como lobbies para tornar obrigatória a
contratação de seguro privado para veículos e para aumentar o valor das
indenizações de R$ 13,5 mil para R$ 40 mil (o que encareceria a taxa).
Outra
dificuldade é política. O DPVAT já chegou a custar mais de R$ 100 por carro e o
dobro para motos, mas o valor foi sendo reduzido desde 2016 após investigações
contra fraudes e uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).
A cobrança
foi extinta em 2020, mas os recursos arrecadados até aquela data foram
suficientes para bancar as indenizações por mais três anos. Essa medida foi um
dos motes da campanha de reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Agora,
porém, essa reserva acabou.
Se não houver fonte de financiamento, a política
pública de indenização por danos a pessoas mortas ou com invalidez permanente
provocados por acidentes de trânsito será encerrada. Uma fonte do governo diz
que caberá à sociedade decidir, por meio do Congresso.
SONHO SEGURO